QUE TRAGO A TRAGO, DE RIMAS ME EMBRIAGO
Gravo a voz na pedra deste instante
Com o cinzel da minha fala em brasa.
Então, aí, eu esculpo-me de rompante
Porta, como batente da mesma casa…
O que sou, é tão-só verso ofegante
Cisco de língua que em rimas s’abrasa;
Escolho dum naufrágio mais adiante,
Que até o próprio instante atrasa.
E da residência hostil, mas aberta
Onde, enfim, fomos recebidos de vez,
É tempo de olhar prà rua deserta
Inundada pelo tal sol que desperta
Além da sede, criação, rebanho, rês,
Nossa febril e lânguida embriaguez.
Joaquim Maria Castanho