SENTIR QUE PERDURA
Voa-me a voz pela planície
Petisca de teus olhos o sentido,
Que sentir é um querer que se demora
A dizer-se para melhor ser ouvido
Assim, feito amanhãs deste agora
Nascido, milhentas manhãs, construído
Convertido, verdade hora a hora
Sem sombras, passo a passo percorrido,
Grelhado sob o crivo dessa ternura
Que apenas tuas mãos sabem moldar:
Dando sã magia, além da candura
Que nos dura entre sentir e desejar,
Também à vida a doce formosura…
– Desde que nela perdure o teu olhar!
Joaquim Maria Castanho