ORA SIM, ORA NÃO
Pelo copiar da porta
Vejo-te cirandar na cozinha…
Apareces, desapareces, apareces
(És "viva" silhueta no instante)
Desapareces; e ficas "morta".
Mas essa morte é só minha.
É um sucumbir circunstante,
Quase omitir do eu total
E dessa parte tão importante
Que nos edifica pelo plural
– Ou gestos de elucidar a voz
No fluir do rio dos rios de nós,
Se somos no azul a claridade –
Ouro na cinza que à luz exorta
Como se plo copiar da porta
Te visse a cirandar na cozinha
Aparecendo, desaparecendo,
Ser e não-ser, ora sim, ora não,
Tal e qual qualquer estrelinha
Sendo e não sendo, cintilando
Lá em cima – bem-bem no fundo
Do cor... que... ora sim, ora não!
Joaquim Maria Castanho