12.27.2019

GRAFITE





GRAFITE

Com tanto de tão pouco nasce a fortuna que é sorte sina o ter nascido
Que outro milagre não houvera igual em qualquer tempo futuro ou ido
Este de levantar os olhos e reconhecer que o sonho é tão real-autêntico
Como respirar, falar contigo, estar a par, porém saber o propedêutico
Instar da luz no recanto da folha digital tangente ao desejo assumido.

Que devagarmente se isola na rispidez o gesto assaz nulo, oco e vão 
Pois nisso de viver é coisa basta a resistência comezinha e até pueril 
Dizer «sim» quando ao «não» se pensa ou tido vice-versa por decisão
Como qualquer fogo que arde sem combustível pode apenas ser ardil
Da matéria, ao espírito alheia, simples fusão a frio do ninguém e nada
Pondo a parte tida em forma perdida já por demais em si tão achada.

Porém, tempos houve outrora ainda do aqui-e-agora tão-só distantes
Que lídimos dedos apontaram os céus infindos e disseram o espanto, 
E perante tua luz os olhos fulgiram como mil sóis candentes voantes
Explodindo as vozes dos mais entendidos em desgarradas no descanto. 

Foram esses os primeiros dias de todos os dias daí seguintes adiante
Que feitos à tua imagem na repetida procura, busca ansiosa e diária
Nenhuns outros se assemelhando em intensidade, que se de férias
Ou folga tida, me senti pária roubado por mim de minha própria vida.  

Me senti desnecessário do sentir que é viver e não saber até quando
Teus olhos me segam o desespero sem qualquer intenção de fazê-lo, 
Pois que ao Sol do acaso todo o verbo é um gerúndio afecto andando
A(r)riscar reflexos e ângulos silentes e lisos às esquinas do teu cabelo. 

Joaquim Maria Castanho

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La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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