Convite para partilhar caminhos de leitura e uma abertura para os mundos virtuais e virtuososos da escrita sem rede nem receios de censura. Ah, e não esquecer que os e-mails de serviço são osverdes.ptg@gmail.com ou castanhoster@gmail.com FORÇA!!! Digam de vossa justiça!
11.22.2019
A SEARA DO VENTO
A
SEARA DO VENTO
Antes
ou depois de nós
– É
o sol quem o indica... –
Se
uma fala se faz voz
Até
escuridão explica.
Explica
entre as cores,
Naquelas
que levantam voo,
E
vão onde quer que fores
A
soar como ninguém soou.
Tanto
rolas como folhas
Procuram
o seu lugar,
Até
que tu te recolhas
– Até
qu'aprendas a voar.
E
nesse dizer do vento
Qu'ora
sopra, ora para,
Nada
morre por intento;
Só
é húmus, se momento
Que
no livre céu siara.
Joaquim
Maria Castanho
11.20.2019
POESIAS & SECRETARIAS
POESIAS
E SECRETARIAS
Deram
três rebuçados ao interior...
Todavia
as sementes nunca se plantam!
Porque
para semear, antes alqueivam
E
já quem está a plantar, está a dispor.
Que
isso de fazer crescer não tem autor
Embora
tenha autoria, s'o inventam
Não
pelo que copiam, nem que anexam
Mas
plo que se faz sem ser troca de favor.
É
regredir pôr a corte atrás do pagem
Por
melhores que lhes sejam as intenções,
Pois
quando o feijão não vem da vagem
É
por que vem da cozinha das ilusões.
As
autorias são par'aqueles que fazem
Não
pròs que são somente seus vendilhões.
Joaquim
Maria Castanho
11.16.2019
AS BOLHAS IMACULADAS
AS
BOLHAS IMACULADAS
“Tudo
o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós,
porque esta é a lei dos profetas.” – Mateus 7, 12 e Lucas 6, 31
Acautelar
a biodiversidade, qualidade do ar, recursos hídricos, economia
circular, tratamento de resíduos, gestão racional dos recursos
biológicos, seriedade na gestão e ordenamento do território,
remoção dos plásticos de fundo do mar e albufeiras, acuidada
conservação da natureza, bem como ter uma regrada agricultura e
produção animal, são etapas de um processo contínuo de combate às
alterações climáticas, que devem ser mitigadas, com vista a
garantirmos a sustentabilidade ambiental portuguesa, tendo todavia,
em linha de conta, que aquilo que fizermos cá dentro, nesse sentido,
quem mais beneficiará serão provavelmente os outros povos, outros
países, outros habitats, e até outros continentes, tal como, o que
essoutros países, povos, continentes fizerem estará a beneficiar
(ou prejudicar) por sua vez, indubitavelmente a nós.
Borboleteando
de outro modo: o presente não pode alimentar nacionalismos infantis,
caso contrário, vamos todos e todas prò maneta, e enquanto o diabo
esfrega um olho.
Portugal
tem feito a sua parte – e com algum sucesso, pese embora a elevada
dose de incivilidade que predomina em diversos nichos, setores ou
comunidades da nossa tradição secular e incivilizada.
Chegou
a hora de começarmos a pensar não só nos legumes do nosso quintal
e interesses, nesse criancismo egocentrista que é apanágio das
gerações de 70 e 80 da portugalidade vigente, pseudonacionalista
conservadora e radical, para quem a lei e o Estado de direito são
uma espécie de argila para fazer presépios, moldável e manipulável
conforme os caprichos e modas momentâneas. Brincar tem hora e está
na hora de nos tornarmos uns homenzinhos e mulherzinhas responsáveis,
íntegros, conscientes, emancipados, fraternos e determinados. É que
se o não fizermos deixamos de ter razão para reclamar quando os
demais países ou povos – como é exemplo dos BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), se estiverem a borrifar
para toda a gente e planeta, aumentando categoricamente as suas
emissões de GEE (gases com efeito de estufa – CO2, óxido nitroso
e metano), em nome da sua economia e crescimento demográfico.
Somos
uma pequena bolha, é verdade, perante o universo e seus buracos
negros. Mas importa que sejamos uma bolha sem mácula, um exemplo de
clareza e transparência, para que possamos refletir a nossa
maturidade humana e democrática. Porque somente assim seremos
princípio, meio e fim aos olhos do mundo.
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
11.15.2019
AS COISAS QUE NÃO LEMBRAVAM NEM AO DIABO
AS
COISAS QUE NÃO LEMBRAVAM NEM AO DIABO
Quando
escrevia para os órgãos de comunicação social locais e regionais,
bem como para os periódicos portalegrenses, que é quase a mesma
coisa mas dita sem salamaleques, uma das críticas que me faziam era
a de que eu costumava dizer coisas que não lembravam ao diabo. De
entre elas, era a de que a fatia territorial que primeiro iria sofrer
os efeitos das alterações climáticas seria o interior algarvio.
Afinal, onde estava a estranheza? Hoje, exatamente hoje, o stress
hídrico é um facto indesmentível no nordeste algarvio e sudeste
alentejano, debatendo-se com os efeitos diretos de uma seca extrema,
e o resto do Alentejo já se encontra em seca severa – conforme os
dados divulgados pelo IPMA, Instituto Português do Mar e Atmosfera.
BEJA,
a tal terra que não vai ter o aeroporto internacional porque ele faz
falta a um território saturado pela ocupação humana e amenizar os
prejuízos tidos e contraídos em favor do do Montijo – extensão
do de Lisboa –, e que quando ficar sem agricultura nem
olivicultura, pouco mais do que com mel coado há de ficar para fazer
frente à desertificação crescente, é, conforme as tais coisas que
não lembram ao diabo mais uma dificuldade que não cabe a Deus
resolver, uma vez que nós desperdiçamos a oportunidade de a
menorizar, também outra faixa do território português que irá
sofrer os efeitos diretos das alterações climáticas.
Todavia,
para as instituições político-administrativas deste torrão à
beirarraia plantado, ao que parece, pelo comodismo e silêncio
compungido evidentes, vivemos todos e todas no melhor e mais
promissor dos mundos candidamente conhecidos, tão cândidos quanto o
eram para o Cândido de Voltaire, que ainda em 1755 e perante a
derrocada de Lisboa, insistia em viver no melhor dos mundos, pois
Deus havia de acorrer a tempo e resolver tudo por nós, e a nosso
contento. O que era preciso era ter fé... Isso mesmo, outra das
coisas que não lembram nem ao diabo!
JOAQUIM
MARIA CASTANHO
11.13.2019
AS FRONTEIRAS SÃO SEPARADORES QUE UNEM
AS
FRONTEIRAS SÃO SEPARADORES QUE UNEM
Todos
os [principais] problemas nacionais têm uma solução europeia.
Apenas importa reconhecê-los e deixar de os enfrentar isoladamente.
A chave do progresso chama-se cooperação estratégica. Os governos
de todo o mundo sabem-no, alguns praticam-no, os mais ricos
testemunham-no. Os países nórdicos, a Alemanha, a Bélgica, a
Áustria,a França, são pioneiros dessa atitude.
Ao
impulsionar o progresso e desenvolvimento do interior (raiano)
português, estamos a fazer com que as semelhanças e qualidade de
vida europeia se estendam à periferia que ainda somos, exatamente
para o deixarmos de ser. Não devemos, nem podemos, permitir-nos a
continuar como estância de férias para a classe média dos países
desenvolvidos. Temos que reinventar-nos como parceiros de crescimento
da Europa pós-brexit – e com responsabilidades acrescidas
(exatamente por causa dele).
Mas
para que tal aconteça é necessário mais investimento estrutural,
pois sem ovos não se fazem omeletas. Bem pode o primeiro ministro
correr atrás dos prejuízos aumentando o aeroporto de Lisboa, via
Montijo, desde que não se descure também a oportunidade de BEJA.
Este segundo é mesmo de maior interesse nacional do que o primeiro.
É um passo que pode configurar a cooperação estratégica com
Espanha com vista a consolidar a Europa, provando assim que desde os
frios recônditos do Mar do Norte até à Ponta de Sagres só há uma
moeda, uma civilização (multicultural), e um desígnio – sermos a
vanguarda do amanhã inegavelmente sustentável.
JOAQUIM
MARIA CASTANHO
11.12.2019
A CLAREZA É FONTE DE PROGRESSO
É
PRECISO DESOCULTAR OS CAMINHOS DO PROGRESSO
Em
Portugal, todas as capitais de distrito podem ficar ligadas por
transportes ferroviários. Mas não convinha que ficassem ligadas de
acordo com o traço estrutural que arruinou os caminhos de ferro
portugueses, uma vez que a rede ferroviária foi tecida de forma a
que, nosinho após nosinho,Lisboa ou o Porto se encontrassem sempre
no fim do caminho. Além do abraço aéreo europeu, com o
estabelecimento dos três aeroportos internacionais nacionais (BEJA,
Lisboa e Porto), poderia assim existir um outro abraço, mais terra a
terra, asseguradamente terreno, que unisse as nossas terras, através
da linha férrea, e que ligasse IGUALMENTE as capitais de distrito do
interior desde o Algarve até Trás os Montes, com passagem por Beja,
Évora, Portalegre, Castelo Branco, etc., etc., até Vigo, por
exemplo. E 15 anos era tempo mais que suficiente para o conseguir,
assim as formações políticas portuguesas e os sucessivos governos
o quisessem, e nisso se empenhassem.
Há
mais Portugal, onde também vivem portugueses e portuguesas, para
além de Lisboa, Porto, Coimbra e Aveiro, onde se produzem produtos
IGUALMENTE nacionais, se cultivam tradições milenares IGUALMENTE
lusitanas e europeias, se aposta no progresso IGUALMENTE europeu, e
que estão radicadas no Algarve ou Alentejo, ou Beiras, ou Trás os
Montes. Logo, que integram o património cultural, territorial e
ambiental mais antigo da civilização ocidental. E isso é um
caminho que consolida a nossa civilização, a transforma num
argumento de peso – e de sustentabilidade garantida – que não
pode ficar oculto, nem escondido de ninguém. Nem sequer da
globalização atual...
Joaquim
Maria Castanho
11.11.2019
PELO CÉU É QUE VAMOS
PELO
CÉU É QUE VAMOS
Só
um enorme desconforto nos impede de desejar o que está certo
preterindo o seu contrário, o errado. Ou porque nos sentimos mal
connosco e indispostos com os demais, ou, então, porque sabendo que
algo está mal, nos mantemos na secreta solidão dos eleitos, mas
temos medo de enveredar por ela consecutivamente, com consciência e
responsabilidade, levando-a às últimas consequências, que é
pensar para agir, e agindo de forma a resolver esse erro, falta,
incoerência, inexatidão, etc. Alguns e algumas atiram para Deus,
outros e outras esperam que o tempo faça por eles e elas, havendo
também quem sacuda a água do capote, justificando-se com o
tradicional “quem vier atrás que feche a porta”. Enfim, vivemos
em constante desassossego, reclamando que isto não é vida,
preferindo a cómoda inquietude à desinquietação da mudança.
Seremos preguiçosos? Não, claro que não! Seremos desleixados?
Nunca! Seremos vingativos? Se no passado ninguém nos acautelou o
presente, porque é que no presente nos havemos de preocupar com o
futuro? Se o futuro é dos nossos filhos e dos nossos netos, das
nossas filhas e das nossas netas, então que sejam eles e elas a
acautelarem-no...
Há
muita gente para quem a interioridade foi – e é – uma bênção.
Mesmo tendo pouco, sobra-lhes, e possuem ainda muitíssimo mais do
que a maioria (planetária), que não tem nada. Estão saciados de
realidade, que lhes basta, e o sonho assusta-os e assusta-as. Pois a
mim, essa prisão – a fria e seca árvore do real, que até dava
patacas antigamente –, não obstante seja dourada, não serve
absolutamente para nada. Prefiro sentir-me disponível para ajudar a
concretizar uma Europa que abrace todas as regiões e seja una na sua
pluralidade. O aeroporto internacional de Beja seria mais um elo, o
elo que falta nesse abraço, uma vez que os elos do norte (Porto) e
do centro (Lisboa) já foram forjados, e são concretos.
Principalmente, porque o maior sonho da humanidade, o de voar, foi
realizado com sucesso há muito-muito tempo, e sem precisar das asas
de Ícaro. Que caiu ao mar, mas se fosse hoje estava era sujeito a
que o mar lhe caísse em cima...
JOAQUIM
MARIA CASTANHO
11.10.2019
UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA SOCIAL
UMA
QUESTÃO DE JUSTIÇA SOCIAL
Os
quatro pilares de governação subscritos no Orçamento de Estado
para o próximo ano, são a consolidação demográfica, a transição
digital, as alterações climáticas e a coesão
sócio-territorial,com principal ênfase no combate às
desigualdades. As assimetrias regionais geram desigualdade que,
consequentemente, se multiplica em inúmeras desigualdades pessoais,
ambientais, culturais e estruturais. A almejada sociedade inclusiva
fica, assim, cada vez mais longe, e urge inverter essa tendência.
Como? Apostando no progresso e desenvolvimento económico-social de
cada região, emancipando-a (gradualmente).
O
interior do país, tantas vezes sacrificado aos interesses centrais,
e que tem sido ao longo da História uma espécie de faixa de Gaza,
ou tampão muralhado contra as invasões estrangeiras, sobretudo
espanholas, foi sucessivamente afastado dos desígnios nacionais,
nomeadamente o da partilha e produção de riqueza. Os PIB's
regionais periféricos são baixíssimos se comparados com os da
faixa litoral desde o Sado até ao Minho, pelo que não se pode falar
em combater a desigualdade nem gerar coesão (social, territorial,
económica,...,...) sem se apostar e investir no interior
(fronteiriço) com o mesmo vigor e determinação com que Portugal o
tem feito no litoral desde há séculos, e que culminou no
consecutivo enriquecimento das duas áreas metropolitanas atuais
(Lisboa e Porto).
O
aeroporto de Beja é apenas o tiro de partida para essa corrida, uma
pequenina mosca numa reparação continuamente adiada... Um passinho
em frente para a justiça social (historicamente defraudada). Por que
esperamos?
Joaquim
Maria Castanho
11.09.2019
O OVO DE AVIOA
O
OVO DE AVIOA
A
obtusidade tem limites. Continuar a defender (insistentemente) que o
novo aeroporto internacional português se deve localizar próximo de
Lisboa, como são os casos de Alcochete e Montijo, com a agravante de
ambos irem à revelia da lei, descurando a mais valia económica,
estratégica e de combate às assimetrias regionais, em termos de
desenvolvimento e coesão territorial que Beja proporciona, é um
erro que nos poder sair bastante caro e em muito mais curto prazo do
que aquele que é vaticinado pelos arautos e pitonisas do
conservadorismo retrógrado português.
Beja
é a única solução que respeita a lei, não onera os custos
ambientais dum projeto desta envergadura, nem provoca danos
colaterais evidentes para nenhum ecossistema ou habitat. Pelo
contrário. Promove o desenvolvimento económico e demográfico de
uma região que carece de recursos e em risco de desertificação,
pugna pelo equilíbrio e coesão territorial, contraria a
interioridade e estimula a formação e modernização da rede
ferroviária portuguesa, rentabilizando-a e elegendo-a como meio
eficaz para a descarbonização dos transportes em Portugal. Com uma
linha de TGV interior, de alto a baixo, ia-se mais depressa de Beja a
Bragança, do que se vai atualmente de Lisboa ao Porto...
O
aeroporto de Beja é a única opção racional, sustentável, legal,
positiva, e capaz de catapultar Portugal para a modernidade europeia.
Vamos desperdiçar essa oportunidade e apenas para garantir que os
especuladores imobiliários que compraram terrenos nas proximidades
do Montijo, contando com ovo ainda no cu da galinha, não percam os
lucros chorudos que ambicionaram, ou, por outro lado, vamos
aproveitar a oportunidade para ingressarmos no pelotão da frente
europeu? A resposta parece clara...
Joaquim
Maria Castanho
11.07.2019
DA AUSÊNCIA E DA PRESENÇA
DA
AUSÊNCIA E DA PRESENÇA
Tu
estás, e a saudade morre.
É
essa a virtude das (sãs) paixões
Com
que o tempo lava e discorre
Sobre
o maior sentir das tradições.
Nossa,
enquanto portugueses
Mas
também universal (às vezes)
Que
o que é do humano coração
Pra
todos tem igual condição.
Tu
estás, a terra gira, gira
E
eu rodopio com ela, feliz.
Qu'a
saudade nunca se retira
Sem
por nela a presença que se quis!
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
E POR QUE NÃO?
E POR QUE NÃO?
Li Isaac Asimov de fio a pavio há mais de 25 anos, pelo que a transição digital (robotização, inteligência artificial e a internet das coisas) não é encarada por mim como um bicho de sete cabeças. É apenas o principal recurso do século XXI, em termos económicos, organizacionais, comunicativos e sociais. A arte e a filosofia não lhes podem ser alheios; a política tem com ela responsabilidades acrescidas; a eficiência energética e a elevada produtividade são suas sucessoras diretas. O bem-estar, o equilíbrio ecológico, a sustentabilidade, a biodiversidade e o combate às alterações climáticas são os seus principais argumentos. E, enfim, o progresso e o futuro da humanidade os seus desígnios fundamentais.
Porém, nem todos e todas têm sensibilidade para lhe reconhecerem a valia. Sobretudo porque se negam a cortar o cordão umbilical com a sociedade de produção/consumo em que nasceram e onde se formaram (cidadãos e cidadãs). Portanto é urgente que o debate da atualidade inclua na sua agenda a transição digital, bem como as maneiras como ela se vai revelando no dia a dia, alterando as profissões, os produtos, as relações interpessoais, sociais e laborais. E por que não?
Joaquim Maria Castanho
11.06.2019
SONHO EM FLOR
COM
O SONHO À FLOR DAS PÁLBEBRAS
Teus
olhos feiticeiros
Fugidios
ind'agora
Atiram
sempre certeiros
S'os
meus querem demora.
Não
com pedras nem com setas,
Nem
promessas, nem pedidos,
Sim
com certezas concretas
Com'as
dos prados floridos
Prò
sol inventar sementes
Pra
cultivar os sentidos,
Tão
presos e tão contentes
Que
só nos dizem escondidos.
Que
só nos cantam calados...
Se
sonham que são sonhados!
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
11.05.2019
A SILENTE TRANSPARÊNCIA
SILENTE
TRANSPARÊNCIA
Há
palavras líquidas em tua face
Minha
lua, segredo incorrompido
És
o instante enquanto nasce
Até
a palavra dita ter nascido.
Ter
troado e no clarão se trace
O
céu e sonho, que jungido abrace
Tudo
o que é são e esclarecido.
Tudo
o que venceu e foi vencido.
Fosse
lágrima, 'tava encantada.
Fosse
orvalho, tinha cor de terra.
Porém
se fosse na derme amada,
Dissess'o
amor enquanto espera,
Seria
luz que diz ao ficar calada...
Diria
tudo o que a palavra encerra!
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
11.04.2019
ELIXIR MNEMÓNICO
ELIXIR
MNEMÓNICO
Eu
guardei o teu sinal para mim...
Assim,
ninguém sabe que é só meu.
Beijei-o
com o olhar de querubim
– Deitei-o
entre os sonhos de Orpheu.
Aspergi-o
com lavanda e jasmim.
Elegi-o
como chave de Gineceu.
Dei-lhe
o trono do eterno sem fim
(Seja
n'Olimpo divino ou plebeu).
Então,
acaso ocorra desventura
Ou
enfrente ânsia desesperada,
Sei
que algo belo e vida pura
Há
a que recorrer nesta caminhada;
Espada
pra combater a amargura
– Elixir
d'aurora na madrugada.
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade
11.02.2019
ADVERSIDADES, CONTRASTES E CONTRARIEDADES
ADVERSIDADES,
CONTRASTES E CONTRARIEDADES
Sei
que meu bem nem bem me quer...
Escond'os
olhos pròs não ver;
Mas
também sei qu'ela é mulher
De
grande afeto e bem-querer.
E
estes desencontros na vida
Que
a gente não sabe vencer,
Somam
mais lida, à lida
Plos
cuidados que nos faz ter.
Preocupação
maior não há
A
quem por sentir não nega:
Às
vezes, é porque não 'tá;
Outras,
é porque 'tá “cega”.
Alma
doi, coração arrepia
Por
ver qu'o qu'era nunca foi,
Nem
chegou a ser «Bom dia»!
Joaquim
Maria Castanho
Com
foto de Elie Andrade.
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