10.30.2019

EQUILÍBRIO LUMINOSO





EQUILÍBRIO LUMINOSO 
 
Na balança do destino
Os pratos d'igualdade,
São o badalo dum sino
Que ecoa além da tarde.

E a luz dessa emissão
Mostra sempre a verdade
Até na sua negação!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.28.2019

AS FLORES DE ESTILO






AS FLORES DE ESTILO
É... Se se fica, ficasse
Bem ou mal, seja onde for,
E quem se pica, pica-se
Então, se também picasse
Muito maior seria a dor.

Que nos nós, encruzilhadas
Ond'a pronúncia não vigora,
Há picos, coisas faladas
Que picam como quem chora.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.24.2019

Kenny Rogers & Bee Gees • You And I (Tradução)

Patrick Swayze - She's Like The Wind (Tradução)

BORBOLETA ALQUIMISTA




MARIPOSA ALQUIMISTA
Em cada esquina, em cada lugar
És o único verbo que sei conjugar
No silêncio do espaço imprevisto
Se o sorriso aflora sem precisar
Tão preciso eu fora no teu olhar.
E aí borboleteio mal te avisto
Quando por amor ao amor insisto;
Pouso e ouso, o coração a bater
Ansioso diz mais do que sei dizer
Mais do qu'a voz, do qu'a alma e o mito...

A asa treme, a fala entaramela
E o sonho grita, lá do infinito
Joga setas na brisa (sem atrito
Mais velozes qu'o grito) e diz: é ela!!

Joaquim Maria Castanho

10.23.2019

NO BALANÇO DA FOLHA





NO BALANÇO DA FOLHA

O vento fustiga arvoredo
Cujas folhas já combalidas
Jogam fora o verde segredo
E sucumbem amarelecidas.
Caem ao chão ou levantam voo
Riscam as sombras desmaiadas,
Alisam cinzas que o céu coou
Entre nuvens desidratadas
Que nem pingo d'água escorrem,
Que nenhuma vivalma acodem.

Porém, se uma se inclina
Balança entre mil cuidados,
Reluz, sede sacia, anima
Até os sonhos bloqueados.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.22.2019

FUNGO LUNAR






FUNGO LUNAR

Já trépido, o dia, descamba
Desce prò outro lado do mundo,
Rasga sertões no país do samba
Exala negruras que não excomungo.
Foi lento a passar, ronceiro
Analógico na navegação;
Arqueou salto, caiu inteiro
No avesso (reverso) d'escuridão.

Mas nem assim, o ânimo mingua
Ou a vida para, retrai, exila
Que nos recantos húmidos, a Lua
Fecunda fungos... Tortulho brilha.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.21.2019

SUBJETIVIDADES!





SUBJETIVIDADES!

Dependem os fatos doutros factos
Pendem, oscilam, interligados
Pondo dependência em seus atos
Independentemente dos dados
Dos argumentos, das perspetivas
Dos detalhes que lhes dão sensatez
Solidez, concisão, positivas
Mesmo que sejam só dois ou três...

Dependem. Tal como nós pendemos
Entre tendências ou sujeitos
S'acaso nos damos ao que vemos
Dando-lhe qualidade e... defeitos!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.17.2019

OS LIVROS SÃO TABUINHAS





42.
OS LIVROS SÃO TABUINHAS A MIRAR O UMBIGO


Entre mim e ti eu sou o labirinto alheio
Meda de palha numa eira falha de grão,
Baraços de tojo, cânulas de aveia, centeio
Destes braços que malham pra catar pão
Que não medrou, cuja semente se perdeu
No receio desta gente que também sou eu,
Se fez decalque, pressão, zip, ecrã, visão…


Ponto, interceção entre o que é material
E o que é espírito, as tabuinhas são cultura
E essência de vida em teoria e em ideal
Que têm palavras, símbolos e estrutura
Pelo que algumas são mesmo, e à parte
Autênticos exemplos, vivas obras de arte.


Nascem após gestação apurada, coletiva
Mas que é inequívoca plo cunho pessoal,
Pra que o sonho nelas s’aquiete, sobreviva
De maneira ativa, prolífera, bela e racional.


São almas qu’espelham e inventam almas
Integridade, dignidade, respeito, galhardia
E apreciam partilha, venda, citação, palmas
Passear de mão em mão e boa companhia.


Não raras, de clássicas, são agora eternas;
Outras, de universais, viraram circunstância
Local, etária, conjugam antiguidade e infância.
E há as que trazem ao cimo e de forma vária
O que noutras era fixo e uno, ou letra sumária.


São livros que se cumpriram no seu suporte
Sinas públicas ou clandestinas de consorte…
Fazem zoom sobre esses ínfimos detalhes
Que, tão pequenos, passam despercebidos
Embutidos, floreados, filigranas, entalhes
Que em sociedade se esvaem tipo e diluídos.

Joaquim Maria Castanho
in REDESENHAR A VOZ, página LXIX
Com foto de Elie Andrade

Pink Floyd - Marooned

TEMPO CERTO E TEMPO ERRADO


 



31.
TEMPO CERTO E TEMPO ERRADO


Pensar certo como s’errado fosse
Causa calafrios quando se faz…
Dedos frios, voz tropeça na tosse…
Convence-s’o sujeito de incapaz.
Mas não é tão mau com’o contrário:
Pensar errado como se fosse certo
Qu’assim se torna o bom ordinário,
O asno se faz passar por esperto.
Pensar requer responsabilidade
Plo que certo ou errado não conta,
Que se é honesto o pensador há de
Rever na verdade o que desmonta
A mentira, a ilusão, a desgraça –
E ver qu’o tempo só fica se passa.

Joaquim Maria Castanho
In REDESENHAR A VOZ, página LIV
Com foto de Elie Andrade

10.14.2019

Metallica - Wherever I May Roam [Official Music Video]

O BEIJO SECULAR




O BEIJO SECULAR
Beijar os teus olhos é soletrar
É abrir sulcos n'alma imperfeita
Semear neles cristais e âmbar
Espreitar luz que também espreita;
É rogar aos céus sem crer rogar
Implorar perfeição à jus eleita,
Eleger amar o negrume lunar
Sem fundo por uma fenda estreita.
Mas, principalmente, é reconhecer
Que sem eles não há amar, não há ver
Não há esperança, não há esplendor;
Não há dúvida, e não há certeza
Não há felicidade, nem beleza.
Não há sonho... E também não há amor!

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.13.2019

VÍRGULA MUTANTE






VÍRGULA MUTANTE


Era uma vez um aprendiz de jornalista por sua própria conta e risco. Começou como uma vírgula que em breve se tornou asterisco. E sempre que alguém lhe perguntava porquê, respondia: «Eis que à realidade visto, com os fatos que de mim mesmo dispo.» Porém, de maduro bebeu demais... Até que um dia, regressou à poesia, e deixou definitivamente os jornais.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Maria José Castanho

10.09.2019

The Smashing Pumpkins - Tonight Tonight Tradução Legendado

A METAMORFOSE DA PEDRA





A METAMORFOSE DA PEDRA


Na pedra que o faz imortal
Cinzelou o beijo (de granito);
Porém, a ternura foi tal
Que a pedra se tornou grito.
Invadiu nave celestial,
Cruzou aquéns e aléns terrenos,
Tirou ânsia à humanidade.
Irados mares tornou amenos
E aos sábios deu bondade.

Mas a mim, que sou um sonhador
Arreigado e irreverente,
Pôs-me a pensar ser por amor
Qu'as pedras se fizeram gente.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

CUMPLICIDADE MINERAL





CUMPLICIDADE MINERAL


Desce na brisa...
O ar não contamina.
É só oxigénio que desliza
Rasgado por fiapos de neblina.

Dedico-te toda a esp'rança.
E dedico-te todo o desejo
E dedico-te o dizer que balança
E dedico-te a ânsia dum beijo
Num arpejo que nos alisa
Motiva e anima
– E determina.

És minério do mesmo veio
Labirinto, em surpresas várias.
Granito, grão a grão, pleno e cheio
Sinal d'inspiração d'estrofes diárias.


Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

10.08.2019

GOTA MADURA





GOTA MADURA

As dúvidas, como as certezas
Se têm igual transparência,
São tal e qual outras belezas
Que nos incitam à coerência.

Coerência no crer e no pensar.
No sentir, esperar e no querer.
Na contemplação e no imaginar.
No fazer, comprar e no escolher.
As dúvidas são mãe da certeza
Porque ela só nasce do duvidar,
Carregando peso à leveza
Qu'amadurece, pra de vez pingar.

Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade

La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português