Convite para partilhar caminhos de leitura e uma abertura para os mundos virtuais e virtuososos da escrita sem rede nem receios de censura. Ah, e não esquecer que os e-mails de serviço são osverdes.ptg@gmail.com ou castanhoster@gmail.com FORÇA!!! Digam de vossa justiça!
4.25.2018
4.24.2018
4.21.2018
4.20.2018
4.19.2018
4.18.2018
4.17.2018
NINGUÉM VENDE POESIAS
O NEGÓCIO DUM ZÉ-NINGUÉM
Na tristeza e na revolta,
Na grande solidão dos dias,
Oh amor, és uma escolta
Pràs difíceis travessias!
És essa prisão que nos solta.
És a sisudez das alegrias.
Imagens do que há em volta;
Metáforas do medir verbal.
Devendo-te incluir também
Na destreza com que nos guias
Nessa circular que nos mantém
Em órbita, mas não é astral…
Antes terrena, comercial
Onde Ninguém vende poesias.
Joaquim Maria Castanho
VOO SOLAR
QUASE VOO DE LUZ SOLAR
Há pessoas que nos descem pela alma
Como se flama de cabelos celestes.
Cujo sorriso desenha beleza calma
E dança madrugadas de luz oriental
Aspergindo flores – estevas silvestres...
Lídimas proezas em solução plural
Que cremos respirar, se já alvorece
Irradiando sonho, todavia tão real
Qu'o sentir nasce e voa, mas permanece.
Joaquim Maria Castanho
4.15.2018
AO SABOR DOS SONETOS...
SONETO COM SABOR
Esticou-se o malandro na labuta
Que a refrega trazia obrigações,
Qu’o mais nobre dos nobres também luta
Plo seu quinhão entre tantos comilões.
Se foi carimbado prà dita conduta
Todas e todos conhecem suas razões,
Pois nesse dia nem sequer comeu fruta
Por ter medo de se borrar nos calções.
Muito se susteve, tanto se segurou
Que ainda hoje lê, pensa, e escreve
Com as letras tintas e brancas que ganhou –
Tudo gorduras puras, sãs e cristalinas
Tal qual demais meninos e meninas.
Joaquim Maria Castanho
(Excerto de foto de Cesaltina Miranda)
4.14.2018
4.13.2018
4.10.2018
PRECARIEDADE E POBREZA FRANCISCANA...
633 ANOS DEPOIS...
E À PRECARIEDADE FRANCISCANA
E não há três sem quatro
Coisa que o povo não diz
Mas devia, por ser farto
No parco ajuizar sem juiz,
Gizar sem giz nem quadro
Torcer o nariz, e franzir
O sobrolho, sem confiança
Ou recear e ver traduzir
Seu pedir com’uma dança…
De ora vira para aqui
De ora vira para ali,
De ora vai e ora leva
De ora leva e ora vai,
Duma gente que é serva
Mas logo que não servir – cai.
Cai dessas estatísticas
Das boas pessoas capazes
Pra entrar pràs estatísticas
Das violetas e dos lilases,
Ou das flores tão malquistas
Que não prestam prós fascistas
Empresários e doutores
Funcionários e senhores
Sejam patrões ou comunistas!
Joaquim Maria Castanho
4.09.2018
4.08.2018
Sr. SUPERLATIVO
O Sr. SUPERLATIVO
Eu sei que é falta de educação escutar as conversas alheias, ainda que não sejam íntimas. Porém, estando sem nada mais que fazer num dos bancos do Jardim Avenida, em Casal Parado, eis que não pude evitar ouvir o que, um casal se dizia mutuamente, e certamente seria apenas um simples fragmento de conversa maior, onde residiriam as respostas que à minha curiosidade se impunham:
– Mas eu sou um substantivo superlativo abstrato... – afirmava ele, convito, de farta cabeleira em encaracolado castanho-escuro, calças de ganga rasgadas (propositadamente) aqui e ali, para arejar a cueca, ténis de marcha, polo cinzento e kispo esverdeado.
– Substantivo superlativo abstrato... Hhhhuummm! Isso não existe – sublinhou, perentória, ela, também nova, a flanar num vestido de chita em xadrez largo, com tonalidades de azul, dourado, creme e castanho-terra, sapatos mocassins quase pretos e cabelos compridos, ondeados e soltos, em louro-palha.
– Não?!? – admirou-se ele. – Como assim? É um sacrilégio...
– É? Porquê...
– Porque deveria existir, pois é isso mesmo que eu sou –, justificou-se. – É preciso, é urgente, é imprescindível inventá-lo. E quanto antes, uma vez que estou em perigo de extinção por falta de identidade.
– Estás? Não se nota... Mas pronto, faça-se a tua vontade. Como o vais inventar, então?
– Minto: nem é necessário inventá-lo, pois já existe. Eu sou um substantivo superlativo abstrato, o que ninguém pode negar, visto que existo, até perante ti, que crês que tal sujeito não existe, mas não podes negar que estás a conversar com ele... Ou podes?
– Não, não posso negar que estou a falar contigo. A minha dúvida é que tu sejas essa coisa que dizes ser. Como mo podes provar?
– Ora, é facílimo! Olha para mim: sou uma pessoa, de carne e osso, não sou?
– És.
– Logo, sou uma substância, um substantivo. E sou radical, como costumas muitas vezes acusar-me... Portanto, superlativo.
– Também és, é um facto. E bastante chato, por sinal...
– Por conseguinte, sou um substantivo superlativo... uma pessoa radical, embora não saiba bem exatamente em quê. Em que é que eu sou inequivocamente radical...
– Pois não. Até acho que além de não saberes em quê, nem porquê, as mais vezes julgo que és mas é um tonto... – E deitou-lhe a língua de fora, como que a desafiá-lo a contestá-la, pela ironia.
– Tonto, ou abstrato... Querias tu dizer!
– Isso!
– Então, não restam dúvidas nenhumas de que sou um substantivo superlativo abstrato. Tu própria mo chamaste. E se chamaste, como poderei não existir? Aliás, foste tu quem me inventou.
«Chiça, que dois!», exclamei para com os meus botões. «Vão casar de certeza, pois se forem sempre assim, como se observa na amostra, vão ter conversa prà vida inteira, que é o principal item para a felicidade dos casais: nunca se calarem seja pelo que for. E quem chega a conclusões destas, tenho para mim, que há de conseguir falar seja a propósito do que for.» – Pensamento esse que me obrigou a abstrair-me dele e dela, claro está...
Joaquim Maria Castanho,
in CALEIDOSCÓPIO CIRCUNSTANTE
(Página 45)
4.05.2018
DO MITO
DO MITO
Rotundo é o mito, circular
Como um grito a chegar,
Onde rodopia na secreta via
Do rodar.
E dessa chave, renascido enclave
Istmo consequente,
Voa sempre outra nave
Que lhe promove o significado
Preciso e confluente,
Dando-lhe aqui o sentido
Aceitado, pronto e assumido
Que ganhara noutro lado.
Joaquim Maria Castanho
4.04.2018
VIAGEM DE VÉSPERA
VIAGEM DE VÉSPERA
Obliterado plo óbvio ativo
De ser outro para além de si,
Quem se busca fá-lo sem ter motivo
Mas por inquietude sentida aqui
E agora a que sucumbe e explora
Quando ri, como quando chora
E empresta seu desvalido estar…
Podia ser o partir sem sequer sair
Todavia, prefere ser esse emergir
Que é ficar mas só há no imaginar.
Joaquim Maria Castanho
4.02.2018
PEDIDO DE EXÍLIO
138.
SOBRE A FLORIDA PLANÍCIE, A LUSOFONIA
Há um poema que não digo
Mas nunca esqueço;
Há um poema onde soletro
Por que estremeço
Me persegue s’o persigo
Mudo, circunspeto
Até que ecluda, por fim
Polvilhando searas
De prosas (em assíndeto)
Como faúlhas, aparas
Que são estilhaços de mim.
É mel vertical que transluz
Ao diluir-se em cor,
Portal d’anseio que transpus
Em espigas d’amor,
Prà farinha dessoutro pão
Qu’é o nome de cada flor.
Joaquim Maria Castanho
136.
A COLETORA
As estações expiram sem ais.
Às vezes, ditam-me os caminhos;
Outras, dizem-me por onde vais
Apenas, e só, pra te encontrar
E ver, que as manhãs, se serenas
Imitam o teu modo de andar,
De pisar chão, apurar-lh’o tato
Que nem cada pé fosse outra mão
A aflorar pedras, flores e mato.
Se são muralhas, sobem-nas, então
Se rosas, não evitam espinhos;
Se alecrim, carqueja, ‘piricão
Silvas – usam-no para infusão!
Joaquim Maria Castanho
135.
Sei que exilar-me de mim é urgente
– Nada corrobora esta quietude:
Fico ensimesmado, se entre gente
Só a pensar-te, na mesma atitude
De quando isolado, ou sozinho,
Me perco entre as paredes da casa
Ou vagueio por qualquer caminho,
Divagando com a cabeça em brasa.
E se o constato, por tão evidente
Também lhe reconheço outra virtude:
A de ficar a saber que o carinho
É uma pátria suprema, querida,
Onde os beijos edificam o ninho
– E o pedir… Qualidade de vida!
Joaquim Maria Castanho
SOBRE A FLORIDA PLANÍCIE, A LUSOFONIA
Há um poema que não digo
Mas nunca esqueço;
Há um poema onde soletro
Por que estremeço
Me persegue s’o persigo
Mudo, circunspeto
Até que ecluda, por fim
Polvilhando searas
De prosas (em assíndeto)
Como faúlhas, aparas
Que são estilhaços de mim.
É mel vertical que transluz
Ao diluir-se em cor,
Portal d’anseio que transpus
Em espigas d’amor,
Prà farinha dessoutro pão
Qu’é o nome de cada flor.
Joaquim Maria Castanho
136.
A COLETORA
As estações expiram sem ais.
Às vezes, ditam-me os caminhos;
Outras, dizem-me por onde vais
Apenas, e só, pra te encontrar
E ver, que as manhãs, se serenas
Imitam o teu modo de andar,
De pisar chão, apurar-lh’o tato
Que nem cada pé fosse outra mão
A aflorar pedras, flores e mato.
Se são muralhas, sobem-nas, então
Se rosas, não evitam espinhos;
Se alecrim, carqueja, ‘piricão
Silvas – usam-no para infusão!
Joaquim Maria Castanho
135.
PEDIDO DE EXÍLIO
Sei que exilar-me de mim é urgente
– Nada corrobora esta quietude:
Fico ensimesmado, se entre gente
Só a pensar-te, na mesma atitude
De quando isolado, ou sozinho,
Me perco entre as paredes da casa
Ou vagueio por qualquer caminho,
Divagando com a cabeça em brasa.
E se o constato, por tão evidente
Também lhe reconheço outra virtude:
A de ficar a saber que o carinho
É uma pátria suprema, querida,
Onde os beijos edificam o ninho
– E o pedir… Qualidade de vida!
Joaquim Maria Castanho
A COLETORA
136.
A COLETORA
As estações expiram sem ais.
Às vezes, ditam-me os caminhos;
Outras, dizem-me por onde vais
Apenas, e só, pra te encontrar
E ver, que as manhãs, se serenas
Imitam o teu modo de andar,
De pisar chão, apurar-lh’o tato
Que nem cada pé fosse outra mão
A aflorar pedras, flores e mato.
Se são muralhas, sobem-nas, então
Se rosas, não evitam espinhos;
Se alecrim, carqueja, ‘piricão
Silvas – usam-no para infusão!
Joaquim Maria Castanho
SOBRE A PLANÍCIE, A LUSOFONIA
138.
SOBRE A FLORIDA PLANÍCIE, A LUSOFONIA
Há um poema que não digo
Mas nunca esqueço;
Há um poema onde soletro
Por que estremeço
Me persegue s’o persigo
Mudo, circunspeto
Até que ecluda, por fim
Polvilhando searas
De prosas (em assíndeto)
Como faúlhas, aparas
Que são estilhaços de mim.
É mel vertical que transluz
Ao diluir-se em cor,
Portal d’anseio que transpus
Em espigas d’amor,
Prà farinha dessoutro pão
Qu’é o nome de cada flor.
Joaquim Maria Castanho
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