177.
INEGÁVEL UNIÃO
Tudo quanto aprendi, perdi-o já
Nada sei, pouco na alma me resta
De quem fui, que pensei; onde quer que vá
Não sou eu quem vai, senão apenas esta
Ânsia de voltar a encontrar-te lá…
Mas perguntar-me porquê, é letra morta.
É fingir que não sinto quanto sinto.
É fugir ao pensar; é fazer batota.
E tão-só é verdade quando minto…
Porém, nesse lugar profundo das veias
E brumas indistintas (nossas e alheias)
Onde moram afetos, amor, paixões
Lanço âncora, renovo a alegria
Perco-me no teu sorriso, tenho visões…
– Vejo corações unidos por poesia!
Joaquim Maria Castanho
in REDESENHAR A VOZ
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