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Procuro o teu sorriso, o teu olhar Lá, não sei onde... Como se fosse o sol a esgarrar O folhedo, de fronde em fronde. E assim, nesse preparo Nem reparo quem repara em mim; Que o sol à sombra esconde Tal como o teu sorriso, o teu olhar Que insiste em perdurar A brilhar por entre qualquer fronde Vindo... Vindo... Vindo... Lá, não sei de onde!
Já está à venda o livro da autora portalegrense LUZIA, pseudónimo de Luísa Susana Grande de Freitas Lomelino, OS QUE SE DIVERTEM - A COMÉDIA DA VIDA, que teve a sua primeira edição em 1920, a segunda sem data explícita e a terceira em 1929. Eis como ora se apresenta ao público...
De imaterial mas humano E das profundezas das almas, Só o divino mas profano Sentido com que me acalmas Dia a dia, mês a mês, ano a ano... Que a vida pulsa sempre, é constante Crescer lunar, círculo imenso, ímpar Feito já da imagem desse amante Que se vê no tempo, quando quer casar. Joaquim Maria Castanho
Há um sofrimento infinito Plo deslizar manso na água Com que o sonho cala o grito Com que o grito cala a mágoa. E nesse círculo tão fechado Quase onda que pedrada deu, Fica o que é belo maculado Por quem ao ódio dum odiado Com outro ódio maior respondeu. Qu’esquece o que ninguém esquece Nem sequer quando bem aflito: Que o amor por quem não merece Só causa dor, só causa atrito… – E sofre a dor mais do que eu Que de todos sou quem mais sofreu!
Joaquim Maria Castanho Com foto de Anabela Pereira
Líquido instante esse Em que penso... de repente O sonho aflora, desce No trânsito fluente, E seguro, mas constante Grafa granito no muro, Numa linha diamante Do cristal da tarde, ente Dourado e transparente: Amor queima mas não arde. Joaquim Maria Castanho Com Foto de Anabela Pereira
Sutil aflorar não é falta de paixão… Nem que nela há menor intensidade; O amor impõe cuidados ao coração – Subscreve sutileza à sensibilidade. Fulgor exige doçura, moderação… Sequer indica definição d’idade, Mas antes explica por que à intenção Andam coladas a razão e verdade. Já em mim, se exalto nobres valores Basta-me ver-te pra desde logo sentir Quanto amor por todas outras flores Já senti aos pouquinhos, sem explodir, Sem m’estrondar corpo e alma num vulcão Que acorda… – liberta lavas de paixão.
Joaquim Maria Castanho Com excerto de foto de Anabela Pereira
Quando a sombra desliza perturbante Ombro a ombro vem sem ferir, magoar Entre as frestas da penumbra secular, É a fantasia de um sonho distante Esboçando promessa de lesto chegar. É a magia do desejo traçando secante Ao interno novelo que enleia as preces, Transformando o longe num instante Em que te fazes autêntica... E apareces. É o fulgor dum flashback desejado A enobrecer a realidade, pondo amor Inesperado no acaso tornando torpor... Mas também é o semáforo apagado Frente à zebra que queres transpor E que à ousadia sempre aplica temor, Empresta a cada jeito ensimesmado. Joaquim Maria Castanho Com foto de Elie Andrade
E como tudo se disse já, Ou tudo já se fez também... ... Mas a felicidade está Em nos sentarmos tão-tão perto, Que fique metade deserto Mesmo que não venha mais ninguém!
Mergulho em recordações… Abro a voz pra respirar-te. Redesenho-te por secções Onde as partes são ambiente Unidas até serem arte, Sentidas até serem gente. Não há mar que te desconheça Não há céu que te não cante, Nem sentir que te desmereça Nem amor sem ser de amante. Esse ora assim destilado Serenidade (e exatidão), Quase afeto amassado Com o cuidado de tua mão Que assina por bem, no final O teu olhar, meigo e plural.
Joaquim Maria Castanho in REDESENHAR A VOZ (Pág. CCXIV) Com foto de Elie Andrade
Tu, só tu Tormentas paras, derrocadas escoras. E posso dizer que teus olhos são meus? Posso aferir quem sou de quem em mim vês? Ontem passaste apenas uma vez… Mas duraste vinte e quatro horas. Dormi toda a noite com teu Adeus! Tu, só tu Suport’as toneladas de esperança Que há no sonho e só o sonho alcança. E posso dizer que teus olhos são meus? Ontem sorriste, e fui criança… Dormi toda a noite com teu Adeus!