3.31.2018

PARTILHA E BIPARTIÇÃO




HUMILDE BIPARTILHAÇÃO 

É neste poema que aposto
Todas as fichas que possuo... 
Se ganhar, só ganho um gosto; 
Se não ganhar, sequer amuo. 
O crédito fica pra depois
– Quando um dia eu precisar! –
Se não der para partir em dois, 
Tal a célula ao procriar. 

Então, vistos os poemas assim, 
Neste investir sem arriscar, 
Creio que trabalho só pra mim
– Sem a poesia nada ganhar.

Joaquim Maria Castanho

3.30.2018

DO PORQUE SIM AO PORQUE NÃO, QUANTOS PASSOS VÃO?




DO PORQUE SIM AO PORQUE NÃO 


Põe os olhos no exato
Sentido da palavra, raiz 
Pois é ela quem de facto
A alicerça pra dizer – e diz. 
Mas deixa-os escorregar
Log’a seguir, prà valeta
Para a água a depurar
E a tornar escorreita. 


E então, nesse ínterim 
Escuta-a só dizendo não
Somente porque não é não 
– Apenas porque sim é sim.

Joaquim Maria Castanho

3.29.2018

MACIA, MEIGA E DOCE MÃO...




DOCE, MEIGA E MACIA MÃO…  


Caprichou por exagero,
Exagerou por defeito, 
Coisa qu’é só desespero
Quando nasce do peito. 

Pois nem sempre assim é
Já todo mundo bem sabe, 
Mesmo a começar por mim 
– Pouco atreito ao alarde... 

À promessa feita em vão
E os sinais pra iludir, 
Quem concede ao coração 
Mais que ele pode pedir. 

Ped’afeto, ped’atenção,
Pede silêncio, carinho, 
E às vezes, até a mão, 
De quem o traz plo beicinho.   

Joaquim Maria Castanho

3.27.2018

A POEIRINHA JAJÁ






A POEIRINHA JAJÁ 
(um conto muito pequenino)


Ao certo, acerca do deserto
Apenas se dizia que um havia
Ora muito longe, ora muito perto,
Logo enorme, interminável areal
A que se ia por aqui, acoli e acolá
Se visto como coisa séria – e real,
Feito dos ditos e dos vá-que-não-vá.

Mas cada areiinha, quase poeira já
Também era granito duro, em grão
Grãoinho-inho-inho tão miudinho
Que nem dava pra um micro-micróbio,
Fosse ele louvável como opróbrio, 
Fazer seu mini-mini-minúsculo ninho. 

Todavia, esse deserto, ei-lo que cresceu
Se tornou imenso de tão gigantesco
Que a ONU até teve de criar a UNESCO,
Por tanta areiinha miudinha haver, poeirinha já
Assim, insigne e incivil, e ignorante quanto eu.  

Joaquim Maria Castanho 

3.26.2018

SOL PRIMAVERIL


SOL DE PRIMAVERA




SOL DE PRIMAVERA 


Nasceu já emancipada 
Por ser prima muito vera…
Do verão, é madrugada 
– Estrela qu’o dia espera. 

Sublinhou a claridade…
Trouxe paleta de rigor, 
Pra pintar pluralidade
Mas sem perder nenhuma cor. 

Porque todas fazem falta
Ao planeta, se inteiro, 
Mal ele se aperalta 
De mago casamenteiro
Da criação, logo, tutor
À genética esmera, 
Cujo brilho é só amor
Como o sol da primavera.  

Joaquim Maria Castanho

3.25.2018

Caetano Veloso - Sozinho

O VERSO NA PEDRA




O (RE)VERSO NA PEDRA 

Só e doce
Era o verso que se dizia
E fosse
– Como um naco de poesia... –
Quando nos trouxe
(Num sapato
Feito coche)
Esse aparato
Da noite – ao fazer-se dia! 


Joaquim Maria Castanho

3.24.2018

A ESTICADELA




131. A ESTICADELA   

Anda a gente ao deus-dará 
Pechincha aqui, pechincha ali, 
Pra respigar do quanto há
O déjà-vu do agora já vi… 

Já vi no que deu o (des)gosto.
Já vi que gostar não é ter. 
Já vi esse não ver que virá. 
Já vi que apostar tem posto. 
Já vi qu’o treze também ri. 
Já vi que não estou bem a ver. 

Mas como nesta minha visão
O ver nunca se justifica, 
Eis-m’aproveitar a ocasião
Pra ver se o não ver s’estica. 

Joaquim Maria Castanho
in REDESENHAR A VOZ, pág. CLXXVII

3.22.2018

Coisa rara, O MILAGRE!




O MILAGRE É COISA RARA 


É… Ninguém mais connosco compete
Do que nós mesmos durante a vida, 
Fugindo ao erro que nos repete
Aviltando, dela, a nossa lida
Antes pronunciada por atenta, 
Perdendo o quanto já lucrara
Tão-só num instante dessa ilusão
Com que a esperança nos aventa
Todo o brio e juízo prò alçapão
Do falido limbo da coisa… rara!

Joaquim Maria Castanho

3.21.2018

PENSAR OU SENTIR NUNCA BASTAM...




SENTIR OU PENSAR NUNCA BASTAM...



Coisa afeta ao ser nos cremos,
Quando a noite nos consome
O que vemos, não é o que temos
Nem que sonhamos nos mata fome; 
Qu’a realidade, sempre outra, 
Exige constatação primeiro, 
Pois o corpo não é montra
Para nenhum amor derradeiro.


De ti só sei o olhar. Ele me diz
Que não digo, raiz quadrada
Traçada a giz dessa diretriz
Que é a estrada que não sigo
Porque se temos voz, tino, fala
Sentido preciso ao querido,
Então, é fundamental usá-la
Prò afeto nos ser merecido.

Joaquim Maria Castanho

3.20.2018

ECO PRIMAVERIL




AO ECO DA PRIMAVERA



Escuto-te tão silenciosamente
Como um cicio que se distancia
De imaginado, recordado ente
Assente na face lúcida, macia
Tesselária do verso inesgotado
Que só se redime se renovado
Plos afluentes reais da poesia.

Navegas entre as bátegas soltas…
E, umas vezes, ficas; outras, partes
Justificando aí todas as artes
Que nascem do amor – quando voltas.

Joaquim Maria Castanho

NAVEGAÇÃO


La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português