FALAR NÃO É COLAR RÓTULOS
(AOS DEMAIS)
1.
A cobaia, no reduzido reduto
Redoma, escritório, cela, toca
Reduz-se até ser outro produto
De compra/venda, empréstimo, troca;
Já ouviu dizer que a sua raça
Tivera outrora o costume de falar
Pra discutir a utilidade dos sons
Prà'nalisar os motivos a discutir
Prà'valiar mercados, cota em praça
Pra conduzir fiéis entre maus e bons
Para produzir distrações e bem-estar
Se ouvir a si mesma e demais ouvir…
– Foi aí que a coisa tremeu, talvez:
Perdeu razão no dia-a-dia e mês a mês,
Ano a ano, vida a vida… e até morreu.
E ora supõe-se que nunca aconteceu!
2.
A voz não é uma arma de arremesso
Nem a fala serve só para atacar
Ou pra defender, "gritar" o excesso
Náusea, resto, do sentir e do pensar;
Não é nenhum instrumento do avesso
Contrário ao humano uso de criar,
De ligar o vário e avulso a seu par
De partilhar, conviver e ser começo
De tudo que não é apenas fim; e isso
É já um terço dos atos e compromisso
Que após ser muito bem combinado
É então cumprido por qualquer lado
– Vértices questionáveis em discussão
Prontos ao remate final do sim ou não.
Joaquim Maria Castanho
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