A LENDA DO VASSALO CATIVO
No reino das cidades maravilhosas
Entre escarpas, entre montes
Havia um canteiro de rosas
Que abarcava três horizontes.
O primeiro, tocava as frondes
Da grande árvore das janelas
Que é onde estão todas as vezes de Era Uma Vez
E demais coisas puras e belas
Nascidas dos beijos trocados entre Pedro e Inês.
O segundo – quase tenho medo de contar… –
Dava para uma ilha de pérolas feita
Das mais apuradas que já houve no mar,
Que é aonde o sonho espreita
Quando encontra a vida a sonhar.
E o terceiro, tinha todos os filhos do primeiro,
Todas as netas do segundo
E ainda mais o resto do mundo,
Pelo que era um horizonte todo e inteiro
Com nuvens, visões, intermitências
Credos, artes, ambientes e ciências,
Com gavetas, prateleiras e estantes
Onde se arrumavam as histórias de até hoje e muito antes,
Assim como as que ainda faltam contar.
É nesse reino que eu vivo…
É ele o meu país.
E onde exerço o cargo de vassalo cativo
Súbdito do que o teu olhar me diz.
Joaquim Maria Castanho
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