O EROTISMO DAS RIMAS
Intransigente como uma haste
À beira-caminho o olhar fustiga
Acarreta sombras, dispara verbos
Desfolha papoilas, e a espiga
Invade a curva que atropelaste;
Veste de nuvens o céu profícuo
Adorna nos silos entre sementes
Desmaia como faminto bêbado.
Dos sonhos sobraram as raridades
Também alguns acordes encantados
Pequenos gestos nunca esquecidos
Ou o adocicado odor das maçãs
Maduras folhas amarelas levitam
Sobre o piso de caruma moída…
Porém, em equilíbrio precário
E frugal, versos estabelecidos
Dizem que só ficarão corrompidos
Por rimas despidas de calendário.
Joaquim Maria Castanho
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