OLHAR VAZIO
Por me arrastar pelas horas
Deste dia assaz corroído,
No plangente chiar de noras
A tirar dor do tempo tido,
É que o sol, em febre, dolente
Raios macilentos, chorosos
Anda nas sombras desta gente
A pisar fungos ou remorsos
(Líquenes sociais venenosos)
Pra destilar em aguardente
Fogo, desespero stressado
De quem está aqui por falta de lado.
Sou a mágoa fria, preconceito;
Detenho na lápide do dia
A faca da frieza que mata;
O silêncio que a mudez retrata;
O (in)conformado trejeito
De quem olha dentro da poesia
E não se vê como antes via!
Joaquim Maria Castanho
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