“– (…) O sistema deve poder funcionar doze horas seguidas; se
surgirem algumas perturbações, serão mínimas e poderemos remediá-las
imediatamente.
(pág. 11)
(…)
(…)
– Esta máquina, disse, segurando uma manivela à qual se
encostou, esta máquina é uma invenção do nosso antigo comandante. Colaborei com
ele logo desde os primeiros ensaios e participei em todos os seus trabalhos até
ao fim. Mas o mérito da invenção só a ele pertence. Já ouviu falar do nosso
antigo comandante? Não? Decerto que não exagero afirmando que toda a
organização desta colónia é sua obra pessoal. Quando ele morreu, nós, os seus
amigos, sabíamos já que era tão perfeita que o seu sucessor, mesmo que tivesse
mil novos planos na cabeça, não poderia modificar-lhe nada, pelo menos nos
tempos mais próximos. As nossas previsões verificaram-se, aliás; o novo
comandante teve que inclinar-se perante os factos. É uma pena que não tenha
conhecido o seu predecessor… mas, interrompeu-se, falo, falo, e a sua máquina
está perante nós. Compõe-se, como vê, de três partes. Com o correr dos tempos
elas receberam denominações, por assim dizer, populares; a parte de baixo, é a
cama, a de cima, a desenhadora e a do meio, a que fica no ar, a grade de
esterroar.
– A grade de esterroar? perguntou o viajante.
(pág. 11/12)
(…)
– (…) É à grade que cabe a verdadeira execução da sentença. “
(pág. 15)
In FRANZ KAFKA
A Colónia Penal
Trad. Jorge de Lima Alves
apartado 44, 1982