A GRANDE INCÓGNITA
Chamo-me Futuro, e não sou pra graças.
Nada sei do amanhã à exceção daquilo
Que é tão irrevogável como os braços de Milo
Na frugalidade do Agora e suas trapaças.
Podem não me ver sem lentes especiais
Esquecer-me entre as bagagens usuais
De quem pernoita nos desvãos e nas praças.
Nos arquivos, concertos e festivais
Ou nas partilhas por heranças e traças
Com que a inveja congemina planos, ameaças
Para se vingar dos que pensa serem mais.
Mais isto e aquilo, aqueloutro e coisa e tal
– Sabe-se lá! – Ou sinal intermitente
Tipo digital VIVO / MORTO, Virtual
Versus Real, em que existe tanta gente.
Chamo-me Futuro, e estou de partida
Para onde o passado não me encontre,
Perdendo de mim o rasto, sentido e norte,
Ainda que mui deseje repetir a vida!
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Mia Teixeira
Portalegre, 11 de setembro de 2022
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