2.04.2022

CHÃO AGRESTE

 

CHÃO AGRESTE


1. MANEIRA DE SER


Calcetada de compungido silêncio

Eis uma rua que nada diz do que penso

Sob os frios passos magoados do caminho…

Seu semblante comum às idas abandonadas

Regressa ao estio dos cães em vadiagem

Ladra a preto e branco o bicudo escarninho

Por quem atravessa chão que é escadas

E leva às costas a sisudez da bagagem.


Dias escarram nelas a sombra dos plátanos.

Noites cobrem-nas de geadas deslizantes.

Mas ímpios e insensíveis são só pântanos

Onde coaxam as solidões ofegantes

De quem já esperou uma vida inteira

Que lhe reconhecessem normal o andar

Os gestos, a lida, a voz… a sua maneira!


2. OUTRA CHUVA NOS CONFORTA


É subterrânea a sombra

Que a luz dilacera,

Como se faz a uma cobra

Que sonhou ser Quimera.


Que travo trago a trago

Dos olhos que ora me norteiam,

E iludem o seco vago

Para em vez dele porem

O porém

Do amor, e carinho que semeiam.


Então, viradas para cima

As raízes da incerteza,

Eis que muda agora o clima

Chovendo-me na alma… Mas só beleza!


Joaquim Maria Castanho


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La vida es un tango y el que no baila es un tonto

La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Dos calhaus da memória ao empedernido dos tempos

Onde a liquidez da água livre

Onde a liquidez da água livre
Também pode alcançar o céu

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Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português