NA DEGUSTAÇÃO DAS RIMAS
Pela crosta estaladiça dos dias
Em que pleno o palato se me dilui
Sôfrego colho eu duns olhos poesias
Onde, por serena, a beleza flui
Quase avelã madura, desmedida,
Inteira entrega de mim, total cerne,
Se nesse quase ponho toda a vida
Desde o mais íntimo à flor da derme.
Do miolo nuclear à textura pura
Aí, sólido imbricado o ser assenta,
Com que a tez empresta a sã frescura
Que atesta a formosura que aparenta…
E assim nascido dum quase perfeito
Mastigo rimas, degusto-as uma a uma,
Até que farta a alma m’enche o peito
Onde só as tuas cabem… Mais nenhuma!
Joaquim Maria Castanho
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