A FORÇA DA VERDADE
Vejo-te, mas desconheço se me vês...
Aconteces-me sempre tão desacontecida
Como quand'ontem foras pra mim és
O dia sonha, o sol esclarece e a lua, despida
Recata-se – puxa pra si a nuvem, em pudor
Pelo meu amor, ao ver-te passar outra vez.
E extremoso, embora descuidado
O vento repara também,
E fica ali especado, a soprar parado
Antes que o veja mais alguém.
Quanto de nós haverá que seja manso
Suave como o borboletar da luz matinal
Sobre as pálpebras ainda adormecidas?
Porém, mesmo a sonhar, não descanso
De querer teu suspiro profundo, integral
Incandescente grito nas planícies floridas.
Então, desço sol na tua sombra
E lá, de onde ecoa a eternidade,
Só o carinho nos deslumbra
Só a ternura é verdade.
Joaquim Maria Castanho
Com foto de Elie Andrade
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