CORAÇÃO BÁRBARO E SANDEU
Meu coração inquieto
Esteve hoje tão perto do teu,
Que me arde no fogo esperto
De consumir-se plebeu –
E cativo da suserana
Qu'emana do céu que me teceu.
Esteve tão perto d'arder
Consumir-se nessa chama,
Em que viver só é viver
Se inquietude de quem ama
– Que bárbaro já não é meu
Mas sandeu que me reclama.
Meu coração afogueado
Saltou bárbaro e sandeu,
Apenas por ter estado
Hoje muito perto do teu;
Que o siso me é queimado
No fogo em que ele ardeu
– Anseio, céu espelhado,
Alma me deixou em chama,
Inquieto o coração plebeu
A consumir-se porque ama
Já a suserana que o teceu,
Que sendo meu já só é teu.
Meu coração inquieto
De bravo no fogo esperto
A consumir-se me ardeu,
É cativo porque já ama
Essa pura e viva chama
Qu'emana da suserana
Por quem é bárbaro e sandeu.
Joaquim Maria Castanho
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