AFIANÇADA CERTEZA
Sim, já passaram tantos anos, sim
Foi naquele café ao cimo do jardim
Que eu te vi pela primeira vez;
Mas os olhos estão iguais
O cabelo de espiga madura
O mesmo rosto, a mesma tez
Que fez com que eu nunca mais
Conseguisse amar mais ninguém.
Sei que tenho andado por aí
De forma tonta e pouco segura
Às voltas com o teu sorriso,
E a alma à procura da candura
Qu'é preciso pra poder olhar pra ti;
Que me atropelo nos sentires,
Me aperalto e perfumo (demais),
Apenas pra quando me vires
Eu seja enfim, esteja à altura
Dessa certeza infinita e pura
E apaixonada que então senti.
Porém, jamais amei outrem
Além de ti, desde esse dia, sim
Em que te vi no café do jardim
Acompanhada por teus pais,
Que agora até penso ser tarde
– E vou dizê-lo sem drama, sem alarde! –
Para tentar amar alguém mais.
Tanto, que nunca irei cobrar-te nada…
Já me deste o melhor que a vida tem,
Que é esta certeza afiançada
De não conseguir amar mais ninguém.
Joaquim Maria Castanho
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