RECATO
Escondo teu nome em meu peito
Digo-lhe coisas que já por bem sabes,
Que já conheces de cor, neste jeito
De perdida imensidão onde cabes
Sem defeito nem juízo doutro valor,
Senão sentir de amigo que é amor…
E escondo-te para não me esconder,
Na timidez que compõe essa reserva
Que os olhos têm de serem vistos a ver
Se acaso alguém também nos observa;
Que a seiva é essência de toda a flor,
Mais essencial que a sua própria cor.
E neste esconder em que me mostro
Sou da essência superfície profunda,
Pomo de secreto sentir, e imo estro
Da vida que a ambos abraça… e inunda!
Joaquim Maria Castanho
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