MANOBRAS PERIGOSAS
Se às vezes o canto se degrada
E o verso corrompe a medida,
É por a poesia, se celebrada,
Se desviar da própria estrada
Que determinou pra ser cumprida;
E que por ser desvio, se desvia
Até das estabelecidas regras,
Correndo nos caminhos que havia
Bem no meio dessas milhentas pedras
Que juntou, pra fazer os castelos
Onde sequer as nuvens alcançam
Com palavras vis, defeitos tão belos,
Imagens – operários sem martelos
Que em vez de martelar rimas, dançam!
Joaquim Maria Castanho
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