“Só
acredito nos deuses da fábula, da Mitologia… Ceres farta e abundante, a encher
de flores e frutas os vergeis, Ceres, a alma perfumada das laranjeiras, é uma
santa da minha devoção. – Esqueceu-se Fred, que tenho horror às mulheres
gordas…
Pan,
tocando a sua flauta de pastor, num canto florido do bosque, é o meu anjo da
guarda!
Já
depus uma complicada oferenda d’ovelhas e de pombas no altar d’Eros!
Tenho
um fraco pelos faunos, que se escondem nos maciços de madressilvas para
surpreender as ninfas, que nas brandas noites, dançam ao luar! – Em boa hora
não se lembrou de dizer que faço parte do bailado!
Acredito
na virtude cantante das fontes e acho mais devotas de que as cátedras, as
árvores, erguendo para o céu, as torres de verdura!
Se,
nas doces tardes de Maio, alguém me viu no mês de Maria, é porque nessa devoção
cristã, a uma virgem, coroada de rosas, erra ainda, perfumada e bela, a alma do
velho paganismo!...” (In LUZIA, Os Que Se Divertem, p.152)
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