1.16.2012

O TERRORISMO PSICOLÓGICO DOS ABANCADOS À DÍVIDA
E os acusados de imaginação fértil logo que levantam as lebres e outros desmandos


“Fique sabendo, para seu governo, se alguma vez cá vier, que na minha terra, chamar porca… a uma porca, é um terrível palavrão.”
In LUZIA, Cartas do Campo e da Cidade, Portugália Editora. Lisboa, 1923

Os burros, como toda a gente sabe e reconhece, são bichos maníacos, de ideias fixas e obtusos, mas acontece que os teimosos não lhe ficam atrás em burridade e estuporice, pelo que continuam a insistir, tentando impingir aos demais a sua pestilência intelectual, convencidos de que é o suprassumo da cultura (pacóvia e provinciana nas modalidades de arrazoado lamechas mais célebres identificadas pelo tradicional asno que a outro asno coça), com o fito de nos persuadir e convencer acerca da mais-valia que assiste a algo por haver quem corrobore a sua opinião nociva como benévola.
Que fique definitivamente assente que saber ler e escrever em português não é nenhum handicap ou moléstia de formação; é uma prova de elevação cultural e ética de qualidade certificada. E muito menos é qualquer tara ou mania de excêntrico desafortunado, intelectual empobrecido, iluminado radical ou subserviente da lusatinidade (moribunda); é estar atualizado e ao corrente acerca do que os seus familiares fazem pelo mundo fora e como o veem, sentem, vivem, modificam e perspetivam. Portanto, pare-se de uma vez por todas de confundir os portugueses com alguns mentecaptos detentores da palavra e vociferação nos púlpitos dos Mass Media e academias do saltério: porque eles não são a nata, mas sim a escória de uma civilização milenar. Aquilo que os poetas, dramaturgos, romancistas, filósofos, críticos, artistas plásticos e criadores de imagem dos países de língua oficial portuguesa fazem, não constitui nenhuma perniciosa influência para o desenvolvimento e desígnios patrióticos, ok? É o espelho vivo da alma ancestral que nos impulsionou durante todos os períodos históricos da humanidade (vigente).
Quando alguém revela os desmandos e burlas dos instalados orçamentais, eis que aparecem de imediato os tocadores de Mozart alardeando que os dizedores têm uma imaginação muito fértil, o que, grosso modo, significa serem uns mentirosos. A estratégia é mais velha que a Serra d’Ossa, mas dá sempre resultado. Claro que a ninguém passa pela cabeça insurgir-se contra a mezinha, porquanto todos se acham com direito a usá-la de vez em quando… Vai daí, atiram a lama ao ousado e ficam alapados à espera dos proventos!
E um dos mais desejados, é o que acompanha o terrorismo psicológico inquisitorial jesuíta: o de demoníaco representante do mal, judeu ou bruxo, maçon ou radical – tanto faz. O isolamento e ostracismo deve ser eficaz e evidente, intencional e propositado, a fim de todos notarem a pedagogia envolvida. Depois, se o “energúmeno” não aguentar, resta lamentar a sua fraqueza, o ter sucumbido, para ficar demonstrado como a medida tinha montes de razão para ser tomada… Não aguentar é sintomático de um espírito atrofiado e fantasioso.
Desconheço quantos se riram das afirmações sobre a natureza maçónica das movimentações eleitorais e nomeações de cargos políticos que algumas pessoas fizeram – e tiveram! – nos últimos 20 anos. Dos olhares compungidos e caridosos, apiedados mesmo, com que foram brindados. Do descrédito que se teceu à sua volta e sobre suas atividades. Todavia, de uma coisa – tal como foi observado na semana passada sobre as relações entre a maçonaria e o poder, em Portugal – podemos estar certos: quem o afirmou estava certo e quem o ridicularizou ou escarneceu, é que estava errado, foi mal-intencionado e de uma má-fé, deslealdade e desonestidade criminosa.
Logo, se havia alguma evidência de imaginação fértil, ela não estava colada aos que declaram as suas suspeitas, mas sim aos que tentaram manobrar de modo a pintar a manta, convencendo os demais que a sua mentira era a única verdade possível, visível e incontestável. Ora, se isso não é terrorismo (psicológico), então o que é? É o cais das colunas? Ou, se calhar, é futebol, fado e Fátima… Quer, dizer: força, beleza e sabedoria.
Tem jeito, tem!...

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