Tempos de Antena
Deve haver, uma maneira simples de sermos realistas e continuarmos republicanos, pois não antevejo como se faça essa coisa de mudar de regime para alterar alguns procedimentos perniciosos à democracia, para inverter de seguida o estado de sítio, após estes terem sido removidos, mudar novamente para o regime anterior, reinstalar a República, fazer um outro 1910 com cheirinho acentuado à 1º de Dezembro de 1640. Sobretudo porque a República anda velhota e abengalada, vai num século de formaturas e paradas, e 100 anos acarreta muito reumático, atrofia as articulações, diminui a flexibilidade, averba muita esclerose nas vias de comunicação, obstrui os tímpanos institucionais, caleja de teimosia impertinente os arregimentados da confraria do traque e desossa os tutanos à paciência de qualquer um, mesmo que esse ande de ventas alçadas e bigodaças de vento em popa, à dito cujo dos retratos de família em praça de mercado ou recinto de efeméride e celebração. E se é certo que, ainda que igualmente aviagrada e secular, não anda caquética nem pedófila como a Igreja católica, que em dois ou três anos, se ficou a saber de inúmeras manifestações dessa seita dentro do seu mariano seio, primeiro nos Estados Unidos, depois no México e na Irlanda, e agora na Alemanha, embora se desconfie que as portas fechadas para não deixar escapar os segredos de sacristia, esconda muita moléstia latino-ibérico-americana de ensopar fronhas a dedilhar confissões às flores do verde pino, pelo que nunca será demais providenciar cautelas que a provecta idade é profícua em surpresas e desregrares para recuperações da líbido perdida.
A não ser que isso esteja de moda ou se faça num repente como se faz agora no PSD, que depois de ter tido honras de 1ª página em todos os telejornais, onde na generalidade as estações televisivas, durante o fim-de-semana passado, gastaram os primeiros 20 minutos a dar-lhe notícia do Congresso, coisa que só acontece com as grandes derrocadas, as grandes catástrofes e desastres, as enchentes, tsumanis, sismos, pestes e demais cataclismos, eis que deste congressismo mediático resultou nem mais do que a notícia de flagrante censura por 356 votos a favor, larga e compacta maioria, quase por unanimidade se descontarmos os votos contra dos candidatos ao "trono manuelino", instituindo a proibição de falar ou criticar as chefias nos 60 dias que precedem os actos eleitorais – o que manifestamente acho pouco e tardio, pois a bem da nação isso devia, no caso do PSD, ser não de 60 dias mas de três anos, porém alargando-se também a providência de acautelar dissabores internos ao PS, mas inversamente para dois anos após eleições, ficando nós, os portugueses, pelo menos com cinco anos de sossego por cada legislatura, o que já daria para combater o stress e restabelecer a resiliência, tão combalidos e nas lonas por mor de tanta f®icção democrática partidária –, acentuando definitivamente a tónica realista da República, centenária é certo, mas como nova se lavadinha de fresco com alguns arremedos de suspensão, semelhantes ao anteriormente anunciado por Sua Excelência Reverendíssima Manuela Ferreira Leite quando quis interromper a democracia por seis meses a fim de recolocar Portugal na rota do progresso e modernidade, numa ditadura de meio aninho a ver se afinava os pormenores de gestão às agulhas do poder, então bastante esfrangalhadas no croché da conjuntura.
«Força Manela» o cronista está contigo, «acerta-lhe no cravo, cachopa; chama a todos os Santanas deste mundo» que ainda havemos de desbravar outros mares de dar novas repúblicas a esta democracia, bem menos velhinha mas ainda superlativamente caquética, que nisso de andar no poder até à cova todos temos experiência acalentada entre caíres do cadeirame no arrasta-pé corporativista, e pouco falta para inventar moda de conquistar estátua por duração e record no topo das tabelas da governação, a ver se batemos o record estabelecido do nosso António de Oliveira Salazar, que durou 48 anos e, não fosse a frescura primaveril dos marcelos, ainda sobreviveria outros tantos são que nem um pêro.
«Não te deixes abater, amiga» que a gente tem esperança nos às armas, às armas contra os barões marchar-marchar que nos há-de levar à vitória, e pôr em ordem, finalmente, as quinas, que são cinco e não 60 dias, como as chagas de Cristo levadas pelos tormentos do ordenado mínimo e do desemprego que sobe-sobe como o balão da cantiguinha. «Força cachopa, arreia nesse pé-de-trempe que nos mascarra a democracia», seria o último favor que pediria se tivesse tempo de antena, coisa que, in-fe-liz-men-te não tenho, e é por isso pre-ci-sa-men-te que Portugal se vê grego para sair da crise que o Convento, de Mafra, nos agravou, desde o tempo da sua construção, com desregramentos e gastos soberbos, até hoje, de que ainda andamos a pagar a factura, com a ajuda de Saramago tão encarecida que nem sete-sóis e sete-luas nos dariam para abater os juros de mora. «Chega-lhe, amiga», que eu, militante de longa data, pese embora a nova gerência ainda não tenha assumido (funções) o poder, já ando mortinho de saudades dos bons e velhos tempos das amenas legislaturas com cavaqueira e biquinha morna…
Convite para partilhar caminhos de leitura e uma abertura para os mundos virtuais e virtuososos da escrita sem rede nem receios de censura. Ah, e não esquecer que os e-mails de serviço são osverdes.ptg@gmail.com ou castanhoster@gmail.com FORÇA!!! Digam de vossa justiça!
3.16.2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
La vida es un tango y el que no baila es un tonto
Onde a liquidez da água livre
Arquivo do blogue
- ► 2019 (152)
- ► 2017 (160)
Links
- A Aliança
- A Cidade e as serras
- A Dobra do Grito
- A Espuma dos Dias
- A Sul
- A Vida Não É Um Sonho
- AMI
- Abrupto
- Ad-Extra
- Aldeia T
- Alentejanos de Todo o Mundo Uni-vos
- Alexandria à Gomes de cá
- Algarve Renovável
- Alguém Me Ouve
- Almocreve das Petas
- AmBio
- Amazónia
- Amigos do Botânico
- An Ordinary Girl
- Ante-Cinema
- Ao Sabor do Toque
- Astronomia 2009
- Aves de Portugal
- Azinheira Gate
- BEDE
- BIBLIOTECÁRIO DE BABEL
- Barros Bar
- Bea
- Bede
- Biblio
- BiblioWiki
- Bibliofeira
- Bibliofeira
- Biblioteca António Botto
- Biblioteca Digital
- Biblioteca Nacional
- Biblioteca Nacional Digital
- Biblioteca Nómada
- Biblioteca do IC
- Bibliotecas Portuguesas
- Bibliotecas Públicas Espanholas
- Bibliotecas-
- Bibliotecário de Babel
- Bibliotecários Sem Fronteiras
- Biodiversidade
- Biosfera
- Blog dos Profs
- Blogs em Bibliotecas
- Blogue de Letras
- Boneca de Porcelana
- Burricadas
- CEAI
- CFMC
- CIBERESCRITAS
- Cachimbo de Magritte
- Caderno de Paris
- Campo de Ideias
- Canil do daniel
- Cantinho das Aromáticas
- Canto do Leitor
- Capas
- Casa da Leitura
- Centenário da República
- Centro Nacional de Cultura
- Centro de Estudos Socialistas
- Cercal da Eira
- Ciberdúvidas
- Circos
- Citador
- Ciência Viva
- Clima 2008
- Clube de Jornalistas
- Coisas Simples e Pequenas
- Coisas da Cristina
- Coisitas do Vitorino
- Comer Peixe
- Cometas e estrelas
- Comissão Europeia Portuguesa
- Companha
- Conjugador de Verbos
- Crescer Com Saúde
- Crítica Literária
- Crónicas do Planalto
- Câmara Clara
- DAR
- Da Literatura
- Da Poesia
- Deixa Arder
- Depois do Desenvolvimento
- Devaneios
- Diagonal do Olhar
- Dias com Árvores
- Dicionário de termos Literários
- Diário da República
- Doce Mistério
- Dona Gata
- Dreams
- Ecologia Urbana
- Ecosfera
- Edit On Web
- Educação Ambiental na Net
- Ellenismos
- Ensayo Pessoa
- Escola Pública
- Escolhas de Sofia
- Escribalistas
- Espiritismo
- Estação Liberdade
- Estudio Raposa
- Eurocid
- Evolução da Espécie
- Extratexto
- Farol de Ideias
- Fauna do Cerrado
- Ferrus
- Ficção
- Floresta do Interior
- Folhas de Poesia
- Fongsoi
- Fonte de Letras
- Fotos da Natureza
- Fotos do Nick Brandt
- Fratal 67
- Frenesi
- Fundo Português do Carbono
- GOSGO
- Google News
- Governo
- Gulbenkian
- HSI
- Habitat Ecológico
- História universal
- IDP Democracia Portuguesa
- Ideotário
- Impressões Literárias
- Incrivelmente Perto
- Infografando
- Instituto Camões
- Jacques Brel
- Jornal das Freguesias
- José Saramago
- Justiça e Cidadania
- Justiça e Democracia
- Kampus de Ideias
- LER
- Leite de Pato
- Leitora Crítica
- Leoa Verde
- Linha de Pesca
- Literatura e-
- Livre Expressão
- Livros e Críticas
- Lumiarte
- Lusa
- Lusitânica
- Luso Borboletas
- Madeja de Palabras
- Malaposta
- Maldita Honey
- Manuela
- Maria Clara
- Missixty
- Movimento Perpétuo
- Movimento Rio Tinto
- Mundo Ecológico
- Mundo de Pessoa
- Mundo dos Golfinhos
- Mutações
- NICK BRANDT
- Nada Niente
- National Geographic
- Natura
- Nick Brandt
- Nobel Prize
- Notas e Apostillas
- Notícias de Castelo de Vide
- Nova Economia
- Nova Floresta
- O Bocas
- O Boomerang
- O Coiso
- O Currupião
- O Escribalista
- O Fingidor
- O Indigente
- O Janesista
- O Parcial
- O Silêncio dos Livros
- OIT
- OREE
- Objectiva Campo Maior
- Oficina de Poesia
- Olho Neles
- Omj
- Ondas 3
- Opinião Socialista
- Os Ribeirinhos
- Os Verdes
- Othersky
- POUS
- POUS Portalegre
- Palavra Criativa
- Pandora e Adrian
- Parlamento
- Parlamento Global
- Partido Pelos Animais
- Pedro Marques
- Per-Tempus
- Photo-a-Trois
- Photos e Scriptos
- Pimenta Negra
- Planeta Azul
- Planeta Azul
- Plano Nacional de Leitura
- Podolatria
- Poemas Diários
- Poesia Ilimitada
- Poesia Saiu à Rua
- Poesia de Gabriela Mistral
- Poesias e Prosas
- Ponto
- Ponto Cinza
- Por Mão Própria
- Por Um Mundo Melhor
- Porbase
- Porosidade Etérea
- Portal da Literatura
- Portal da Língua
- Portalegre On Line
- Português Exacto
- Presidência da República
- Projecto Gutenberg
- Projector do Sótão
- Putas Resolutas
- Pés de Gata
- Qualidade do Ar
- Queridas Bibliotecas
- Quintas Com Livros
- RELEITURAS
- Raquel
- Raízes
- Receitas da Lígia
- Reconstruir a Esperança
- Rede Cultural
- Releituras
- República Laica
- Reservas Naturais
- Retalhos de Leitura
- Revista Diplomática
- Revista Portuguesa
- Rio das Maçãs
- Robot Intergaláctico
- Rouge de Garance
- Rua Nove
- SEVE
- SOS Praia Azul
- SOS Vida
- Sais de Prata
- Sara
- Sara P
- Saumon
- Schmoo-Schmoo
- Schopenhauer
- Selvagens
- Seve
- Sinusite Crónica
- Sob Pressão Não Consigo
- Sociedade Civil
- Sombra Verde
- SonoPoesia
- Stand-Up
- Tempo das Cerejas
- Terra de Encanto
- Todas as Letras
- Tu Indecisa
- UALG
- UNESCO
- Umbigo
- Ursula
- Usina de Letras
- Utopia
- Verduras Factuais
- Verão Verde
- Viagens no Meu Sofá
- Viajarte
- Vida Involuntária
- Vida das Coisas
- Viver Literatura
- Walkyria
- Wild Wonders
- Wildlife
- Y2Y
- Zeariel
- e-cultura
- kARINA
- À Margem
- Árvores do Norte
Acerca de mim
- Joaquim Maria Castanho
- Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português
Sem comentários:
Enviar um comentário