“A espécie literária é uma «instituição» – tal como a Igreja, a Universidade, o Estado, são instituições. (…)
A teoria dos géneros é um princípio ordenador: classifica a literatura e a história literária não em função da época ou do lugar (por épocas ou línguas nacionais), mas sim de tipos especificamente literários de organização ou estrutura. Todo e qualquer estudo crítico e valorativo (em contraposição aos históricos) acarreta, de alguma maneira, o apelo a essas estruturas. (…)
Aristóteles e Horácio são os textos clássicos da teoria dos géneros. (…) Na sua maioria, a a moderna teoria literária mostra-se inclinada a pôr de parte a distinção entre prosa e poesia e a dividir a literatura imaginativa (Dichtung) em ficção (romance, conto, épica), drama (quer em prosa, quer em verso) e poesia (centrada no que corresponde à antiga «poesia lírica». (…)
As três espécies maiores encontram-se já distinguidas, em Platão e Aristóteles, consoante a «maneira da imitação» ou da «representação»: a poesia lírica é a persona do próprio poeta; na poesia épica (ou no romance) o poeta, em parte, fala na sua própria pessoa, como narrador, e, em parte, faz as suas personagens falarem em discurso direto (narrativa mista); no drama, o poeta desaparece por trás do elenco das suas personagens. (…)”
in Teoria Da LITERATURA
de RENÉ WELLEK e AUSTIN WARREN
Tradução de José Palla e Carmo
(páginas 282/83/84)
Publicações Europa-América – 4ª edição
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