TROVA DO SENTIR PERENE
Tenho poema a periquitar
Plos olhos que há pouco vi,
Tão lindos, que ‘tou a pensar
Que foi por eles que nasci.
São avelãs de bem-querer
(Maduros sonhos cerzidos),
Capazes de nos meus ver
Como eles andam perdidos.
Prós ver e neles acreditar;
E sonhar vê-los agora aqui,
Num poema quase a chegar
Tão-só por me lembrar de ti.
São avelãs de bem-querer
(Maduros sonhos cerzidos),
Capazes de nos meus ver
Como eles andam perdidos.
Numa tão nobre perdição
Que não se vêem sozinhos,
Tendo feito do coração
Seus próprios caminhos.
São avelãs de bem-querer
(Maduros sonhos cerzidos),
Capazes de nos meus ver
Como eles andam perdidos.
Rotas ou descobrimentos
No alinhado meridiano,
Plo qual os sentimentos
Dum dia valem todo ano.
São avelãs de bem-querer
(Maduros sonhos cerzidos),
Capazes de nos meus ver
Como eles andam perdidos.
Joaquim Maria Castanho
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