NA MEDIDA DOS FATOS
"Se há alguma coisa que um funcionário público deteste fazer,
é fazer alguma coisa para o público."
K. Hubbard
é fazer alguma coisa para o público."
K. Hubbard
Enquanto nas bibliotecas públicas e demais serviços onde a administração local e central insistem em armazenar os excedentes de recursos humanos com elevado défice funcional, grosso modo conhecidos e reconhecidos, por imprestáveis e sem qualquer utilidade prática, havendo mesmo casos em que estes se escondem em secretárias barricados por estantes ou nos recantos menos visíveis das instituições, ou aos magotes de três e quatro a cortarem na casaca de quem frequenta e franqueia os portais de suas coutadas de exploração da pátria, o nosso governo, para pagar os favores dos países de língua de expressão portuguesa pelo constante e avolumado contributo em manter-nos acima dos níveis de uma Grécia, comprando-nos a dívida e investindo em Portugal nos setores energéticos como financeiros, por exemplo, aconselha aos cidadãos que têm formação, habilitações e capacidades de gerar riqueza, que emigrem, sobretudo para o Brasil, Angola e Timor que foram de entre eles os que mais nos abonaram a economia. Seria grave se não fosse ridículo. Além do que, sem a mínima dúvida, nem todos os ministros deste governo assim pensam. Sem esses em que o país tanto investiu nos últimos anos, é caso para se dizer que atirávamos fora os meninos e meninas com a água do banho!
Por outro lado, a oposição tenta justificar o calote aos credores com o «não pagamos, não pagamos» estudantil das propinas de 2000. Dizem que a folga orçamental e de cumprimento do défice troikiano deve ser usada em benefício daqueles, exatamente os mesmos, que mais oneraram os custos de manutenção do Estado, que sempre foram um excedente evidente e um peso morto na nação, os acamados do corporativismo salazarista do pós-marcelismo, tentando passar a perna ao futuro e sustentabilidade socioeconómica em benefício próprio e dos poderes instalados desde a Idade Média nas franjas da corte e erário público. Alguns refilam com razão, pois acham-se injustiçados, porque enquanto estiveram fora do aparelho de mordomias ninguém mexeu no sistema, e agora que também lhes calhava o banquete é que se andam a insurgir contra e lhe querem acabar com a mama. Entre estes os profs. da ensinança da língua portuga pelas quatro partidas do mundo, tudo gente de bom viver e melhor maneirar, a quem se paga à barba-longa para andarem de monte em monte a difundir o galaico e fumar uns porros.
De somenos ser, nos afiançam os entendidos analistas dos Media com fatos à medida, que muito provam saber desta coisa de não fazer nada mas ter sempre razão, e que engrossam o número dos que olham de mãos nos bolsos logo que encontram alguém a trabalhar, dando indicações e palpites sobre a melhor maneira de executar a tarefa. Os peritos, ou aqueles que há muito deixaram de pensar porque sabem tudo. Treinadores de bancada da política nacional, usam impreterivelmente o plural majestático para acorrentar às suas opiniões a indecisão e alheamento das audiências, principalmente quando pretendem proferir asneira grossa mas sem lhe sofrer as consequências, demonstrando mais uma vez que isso das procurações e cheques em branco se passam em Portugal a torto e a direito à vista da lei para evitar a desordem. E safam-se, os intelectuais! Os críticos! Os dissidentes! Principalmente agora, a que não falta quem tenha razões de queixa por lhe bater também à porta – e à carteira – alguma medidinha de austeridade no fato que lhe assenta, afinal, por medida e que tão bem costuraram. Ou exigiram que lhe costurassem, através do voto e ordenações.
Desconfio, porém, que de nada lhes servirá esbracejar e fazerem salamaleques aos superiores do patronato, a não ser para mostrarem o fio dental, que é isso o que calha a quem muito se abaixa...
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