6.28.2011


Das Estruturas Fundamentais


Pelo pensamento da pessoa se define a sua qualidade, conforme decreta a Bíblia que, embora sendo para muitos sagrada não deixa de ser maldita para outros tantos, e parte o mundo ao meio, o que não abona nada a seu favor, porquanto algo que se diz advogar o bem não pode criar o mal e desunir a humanidade nunca há de ser coisa lá muito boa. Mas é impossível edificar, construir, fazer uma democracia sem democratas, da mesma forma que sem ovos, naturais ou sintéticos que sejam, jamais se conseguirá confeccionar uma omeleta. O ambiente é o teatro, o palco, o suporte natural e modificado onde as economias e sociedades se objetivam e executam na sua mais convincente intercepção entre a biosfera, as políticas de desenvolvimento e a humanidade. Logo, é impossível não pressentir má índole ao pensamento que subjaz ao organograma governamental que junta no mesmo saco, quer dizer, sob a mesma tutela, território, agricultura, mar e ambiente, uma vez que a mais-valia deste ministério é o de atender à sustentabilidade ecológica através de estudos de impacto ambiental. E advogar em casa própria nunca deu bons resultados!
Dispor de uma Política Ambiental para corrigir as disfunções entre as atividades socioeconómicas e a ecosfera, não é um luxo que os países em vias desenvolvimento possam ter, mas uma exigência e inegável necessidade dos nossos tempos, sobretudo europeus e civilizados, onde se verifica uma continuada crise agravada pela escassez de recursos naturais, sobrepopulação dos litorais e desertificação interior, excesso de consumo e elevados padrões de desperdício, uso pouco racional da tecnologia, gestões viradas para a insustentabilidade sem objetivos de médio e longo prazo, comportamentos egoístas generalizados, alterações climáticas e desestruturação acelerada dos ecossistemas, consequência de uma exploração descomunal e arbitrária dos recursos de que se compõem.
Portanto, e porque nada disto é novo, e até já foi enunciado na Revista Progresso Social e Democracia, desde os primeiros números, o ambiente devia ter sido melhor acondicionado, junto à Cultura por exemplo, e sob tutela do primeiro-ministro, a fim de lhe salientar a importância na linha de preocupações governamentais, dando continuidade às preocupações tradicionais sociais-democratas que estiveram – quem se lembra de Pimenta? – na vanguarda do ambientalismo portucalense de pós 25 A. Sobretudo porque o ambiente também é cultura, é sociedade, é desenvolvimento e, principalmente, política e economia.

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