É a Hora!
"Eis que do dia o carro fulgente,
Com seu eixo de ouro, docemente,
Sulca as águas do oceano, sem desmaios,
Enquanto do inclinado Sol o raio
Para o alto se volta, como seta
Visando, com firmeza, outra meta
De sua moradia no nascente."
Milton
É preciso ter pachorra para aturar tantos que só são a favor do contra, que não fazem absolutamente nada nem sabem fazer o quer que seja, mas por isso mesmo, para que se não sintam totalmente inúteis perante quem cria, então impendem a divulgação dessa criação, como tentam convencer os demais da sua igualha que ela não tem as mínimas qualidades e valia. E para melhor o conseguirem, implementaram a teoria do gosto ao contrário, ou a estética do quem, em que as artes merecem aval não pelo que são mas pela sua autoria, se é escorreito, desempenado ou pessoa de capacidade limitada, criança com necessidades educativas especiais e de rara compleição, qualificando desta o talento e génio, conforme esta tem validade e serventia estética, social, cultural e ética, não pelo que se fez e o arrebatamento que dá, mas pela idade tida, em que partido milita e de onde vem, aquele que a imaginou, criou ou interpretou. A que família, a que grupo pertence e de como se afidalga. Não contentes com a execução sumária de quem cria, eis que se armam de manhas tolstoianas para encurralar os idiotas entre dois fogos, e arranjam adversários, opositores, que lhes sirvam simultaneamente de bodes expiatórios e de motivo de tiroteio para, caso a justiça lhes caia em cima poderem dizer que foi sem querer, que foi uma bala transviada que lhe acertou. Que a vítima sofreu os efeitos do fogo cruzado entre as partes desavindas. E desavindas desde os tempos da outra senhora...
Ao princípio, eram os fascistas contra os comunistas, a que depois se deu lugar aos comunistas contra os pides e latifundiários, que tinha sido precisamente os fascistas anteriores; e os artistas, quando estavam com os comunistas eram a expressão do burguesismo marialvista ou, ao invés, se entre os fascistas não passavam de uns intelectuais esquerdistas com o leninismo na boca e O Capital marxista na mão. Todavia a coisa modernizou-se, refinou-se, sofisticou-se, ganhou foros de sebenta e subtilezas académicas, critérios doutorais e reformatórios mu(o)rais, e passaram a ser subalternos do grafite, batalhas campais de socialistas contra os sociais democratas, os sociais democratas contra os socialistas e os comunistas, os comunistas contra esses dois e mais os bloquistas, os bloquistas contra esses três e contra mais os cêdêsss, os quatro contra os verdes, os verdes contra todos os anteriores além de contra si mesmos, e os seis contra todos nós, que somos o povo português, precisamente aquele que lhe paga as contas, os ordenados principescos (e as favas). Sobretudo os "ditos" ecologistas que só são contra os sete (biodiversidade) quando estão a descansar de ser contra os oito, que é a sustentabilidade capaz de gerar o infinito quando se mira o horizonte humano e global, pelo que apetece perguntar: e que tal, se em vez de serem sempre uns contra os outros, e andarem a jogo infantil do "espera aí que já cospes", ping-pong de acusações e piropos virginais de quem só provoca quando tem as costas quentes pelos apoiantes que lhe vão atrás, que tal, dizia, se aliviassem um pouquinho a carga, ainda que por breves períodos de ressaca e doloroso arrependimento, e se pronunciassem por propostas concretas de viabilização nacional e europeia, que auxiliassem na recuperação da crise e evitassem futuras catástrofes económicas, sociais e ambientais? Ia-lhes doer muito? Sentir-se-iam defraudados com a política se ela deixasse ser aquela espécie de sodomia alternativa, em que um deixa o outro ficar por cima se este prometer que a seguir fica por baixo? Ou custa assim tanto perceber que o que está em causa em 7 de Junho é muito diferente de um milagre de Fátima, duma peregrinação a Santiago de Compostela ou duma concentração de convivas em Lurdes? (...)
Há uma altura das nossas vidas em que, perante os acontecimentos, outra Aurora se faz, e aquilo que era cor indefinível, contornos esmaecidos na incerteza e bruma pastosa, peganhenta, ou dúvida daquilo que deveras se quer, ganha de repente a nitidez que não ousávamos admitir existência na realidade, nessa nossa realidade tão comezinha que nem suspeitávamos haver mais alguém que a compartilhasse, mas afinal é igual à de milhões de europeus como nós, e sentimos desejo de participar com eles na elucubração de uma vida melhor, em que a qualidade ambiental e o desenvolvimento humano, económico e tecnológico, de gestão territorial, empresarial e conhecimento, não sejam algo apenas realizável à custa e contra os demais, mas igualmente em benefício deles, logo em harmonia e afinidade entre todos os povos de todos os países europeus, incluindo a Turquia e quantos mais se quiserem juntar a nós. Quer essa nitidez se nos depare no reino dos sentidos ou das coisas percepcionáveis, detonando interesses e satisfação das necessidades, quer ela advenha pelo reinos da compreensão intelectual também conhecidos como veículos de configuração da alma, seja lá o que isso for!, ou se entenda dever ser, desde que no plano das essencialidades ideais se manifeste, motive os corpo para acção determinada, consciente, emancipada e responsável, em liberdade, pelo aprofundamento alargado da democracia, em conformidade com Os Direitos Humanos e rumo à sustentabilidade global, como da nossa espécie, de homens e mulheres que não abdicaram de nada daquilo que os seus antepassados conquistaram, até com o preço da própria vida.
E que se não confunda a presente prédica com mais um apelo ao voto, porque se for para se votar naqueles partidos que foram os verdadeiros culpados pelas dificuldades com que ora nos enfrentamos, e que andam a brincar de roda ao "prà Europa, eu vou, eu vou / lá, la-lá-lá-lá, / lá, la-lá-lá-lá" dos três porquinhos animados, então o melhor voto é nem votar, e demandar as paradisíacas praias algarvias, do reino apascentado pelas águas mediterrâneas, onde a república nunca foi proclamada nem a monarquia capitulou, como rezam os pecaminosos pergaminhos da nacionalidade do Portugal e Algarves, circunscrito na cartografia (de Boliqueime) e anais da nossa atrasada modernidade. Aliás quem tem sido tão maltratado pelos políticos portugueses merece um fim-de-semana prolongado, sabendo nesse dia por andam e o que fazem, coisa que muito dificilmente sabem nos restantes do ano, que é quando nos tramam até mesmo quando não fazem nada, pois lhes pagam principescamente para fazer alguma coisa de útil a quem os elegeu, e eles aproveitam para tirar umas casquinhas por conta própria para a própria conta.
Ou seja, é legítimo que o gagaísmo eleja os gá-gás que entender, mas que aqueles que ainda o não são lhes não imitem as manhas, votando arrastão de número, pois o voto é uma decisão e não um prognóstico, uma aposta de adivinhação apontada pela quantidade de pessoas que estavam presentes neste ou naquele lugar por onde a campanha terá passado, uma vez que a crise é grande e a maioria dos que lá estava nesses locais, não era porque professasse o credo aí propalado, mas sim porque estava desempregado, e não tinha mais nada que fazer, podendo ainda ganhar umas canetas, T-shirts e bonés, tal como se fazem ao ver passar a volta, nos sítios onde a etapa acaba, porquanto isso nada tem que ver com gostar de ciclismo nem com o pedalar desportivo: é para iludir o tédio, não para dar vida qualquer remédio.
Coisa de somenos se dirá, todavia já basta e conhecida desde os tempos em que a moirama cavalgava à desfilada pelas planícies alentejanas apregoando as virtudes de Maomé e as receitas de Alá.
Bem cedo o Destino nos fustiga...
E para trás rastos vão ficando.
Esconjuro-te! Deixa que te diga:
Não chores por sombras, tudo é ilusão.
Ai de quem com quimeras vai sonhando
Entre as garras e os dentes do leão!
Que a vida não te iluda e entorpeça já,
Para a vigília são teus olhos feitos.
Ó noite, que do teu ócio nos afaste Alá,
E dos que ao teu feitiço estão sujeitos!
Teu prazer engana, víbora escondida
Detrás da flor: morde quem a quer colher.
Quanta geração foi de Alá querida!
O que ficou? Poderá a memória responder?
Quem pode a menor coisa pretender,
E talentoso ou bom, deveras, ser?
Quem pode dar recompensa ou castigar?
Quem põe fim ao sopro da desgraça?
Quem é que a Danação pode afastar
Ou a tragédia que o Destino traça?
Ó vã generosidade, ó vão valor!
Quem me defenderá do opressor
– Calamidade em noite de Aurora –
Quem? Se já não há regra a respeitar
E o que resta é um silêncio imposto?
Quem é que apagará o amargo gosto
Que nunca ninguém pode apagar?
– Ibn Abdün (Évora, século XI)
"Eis que do dia o carro fulgente,
Com seu eixo de ouro, docemente,
Sulca as águas do oceano, sem desmaios,
Enquanto do inclinado Sol o raio
Para o alto se volta, como seta
Visando, com firmeza, outra meta
De sua moradia no nascente."
Milton
É preciso ter pachorra para aturar tantos que só são a favor do contra, que não fazem absolutamente nada nem sabem fazer o quer que seja, mas por isso mesmo, para que se não sintam totalmente inúteis perante quem cria, então impendem a divulgação dessa criação, como tentam convencer os demais da sua igualha que ela não tem as mínimas qualidades e valia. E para melhor o conseguirem, implementaram a teoria do gosto ao contrário, ou a estética do quem, em que as artes merecem aval não pelo que são mas pela sua autoria, se é escorreito, desempenado ou pessoa de capacidade limitada, criança com necessidades educativas especiais e de rara compleição, qualificando desta o talento e génio, conforme esta tem validade e serventia estética, social, cultural e ética, não pelo que se fez e o arrebatamento que dá, mas pela idade tida, em que partido milita e de onde vem, aquele que a imaginou, criou ou interpretou. A que família, a que grupo pertence e de como se afidalga. Não contentes com a execução sumária de quem cria, eis que se armam de manhas tolstoianas para encurralar os idiotas entre dois fogos, e arranjam adversários, opositores, que lhes sirvam simultaneamente de bodes expiatórios e de motivo de tiroteio para, caso a justiça lhes caia em cima poderem dizer que foi sem querer, que foi uma bala transviada que lhe acertou. Que a vítima sofreu os efeitos do fogo cruzado entre as partes desavindas. E desavindas desde os tempos da outra senhora...
Ao princípio, eram os fascistas contra os comunistas, a que depois se deu lugar aos comunistas contra os pides e latifundiários, que tinha sido precisamente os fascistas anteriores; e os artistas, quando estavam com os comunistas eram a expressão do burguesismo marialvista ou, ao invés, se entre os fascistas não passavam de uns intelectuais esquerdistas com o leninismo na boca e O Capital marxista na mão. Todavia a coisa modernizou-se, refinou-se, sofisticou-se, ganhou foros de sebenta e subtilezas académicas, critérios doutorais e reformatórios mu(o)rais, e passaram a ser subalternos do grafite, batalhas campais de socialistas contra os sociais democratas, os sociais democratas contra os socialistas e os comunistas, os comunistas contra esses dois e mais os bloquistas, os bloquistas contra esses três e contra mais os cêdêsss, os quatro contra os verdes, os verdes contra todos os anteriores além de contra si mesmos, e os seis contra todos nós, que somos o povo português, precisamente aquele que lhe paga as contas, os ordenados principescos (e as favas). Sobretudo os "ditos" ecologistas que só são contra os sete (biodiversidade) quando estão a descansar de ser contra os oito, que é a sustentabilidade capaz de gerar o infinito quando se mira o horizonte humano e global, pelo que apetece perguntar: e que tal, se em vez de serem sempre uns contra os outros, e andarem a jogo infantil do "espera aí que já cospes", ping-pong de acusações e piropos virginais de quem só provoca quando tem as costas quentes pelos apoiantes que lhe vão atrás, que tal, dizia, se aliviassem um pouquinho a carga, ainda que por breves períodos de ressaca e doloroso arrependimento, e se pronunciassem por propostas concretas de viabilização nacional e europeia, que auxiliassem na recuperação da crise e evitassem futuras catástrofes económicas, sociais e ambientais? Ia-lhes doer muito? Sentir-se-iam defraudados com a política se ela deixasse ser aquela espécie de sodomia alternativa, em que um deixa o outro ficar por cima se este prometer que a seguir fica por baixo? Ou custa assim tanto perceber que o que está em causa em 7 de Junho é muito diferente de um milagre de Fátima, duma peregrinação a Santiago de Compostela ou duma concentração de convivas em Lurdes? (...)
Há uma altura das nossas vidas em que, perante os acontecimentos, outra Aurora se faz, e aquilo que era cor indefinível, contornos esmaecidos na incerteza e bruma pastosa, peganhenta, ou dúvida daquilo que deveras se quer, ganha de repente a nitidez que não ousávamos admitir existência na realidade, nessa nossa realidade tão comezinha que nem suspeitávamos haver mais alguém que a compartilhasse, mas afinal é igual à de milhões de europeus como nós, e sentimos desejo de participar com eles na elucubração de uma vida melhor, em que a qualidade ambiental e o desenvolvimento humano, económico e tecnológico, de gestão territorial, empresarial e conhecimento, não sejam algo apenas realizável à custa e contra os demais, mas igualmente em benefício deles, logo em harmonia e afinidade entre todos os povos de todos os países europeus, incluindo a Turquia e quantos mais se quiserem juntar a nós. Quer essa nitidez se nos depare no reino dos sentidos ou das coisas percepcionáveis, detonando interesses e satisfação das necessidades, quer ela advenha pelo reinos da compreensão intelectual também conhecidos como veículos de configuração da alma, seja lá o que isso for!, ou se entenda dever ser, desde que no plano das essencialidades ideais se manifeste, motive os corpo para acção determinada, consciente, emancipada e responsável, em liberdade, pelo aprofundamento alargado da democracia, em conformidade com Os Direitos Humanos e rumo à sustentabilidade global, como da nossa espécie, de homens e mulheres que não abdicaram de nada daquilo que os seus antepassados conquistaram, até com o preço da própria vida.
E que se não confunda a presente prédica com mais um apelo ao voto, porque se for para se votar naqueles partidos que foram os verdadeiros culpados pelas dificuldades com que ora nos enfrentamos, e que andam a brincar de roda ao "prà Europa, eu vou, eu vou / lá, la-lá-lá-lá, / lá, la-lá-lá-lá" dos três porquinhos animados, então o melhor voto é nem votar, e demandar as paradisíacas praias algarvias, do reino apascentado pelas águas mediterrâneas, onde a república nunca foi proclamada nem a monarquia capitulou, como rezam os pecaminosos pergaminhos da nacionalidade do Portugal e Algarves, circunscrito na cartografia (de Boliqueime) e anais da nossa atrasada modernidade. Aliás quem tem sido tão maltratado pelos políticos portugueses merece um fim-de-semana prolongado, sabendo nesse dia por andam e o que fazem, coisa que muito dificilmente sabem nos restantes do ano, que é quando nos tramam até mesmo quando não fazem nada, pois lhes pagam principescamente para fazer alguma coisa de útil a quem os elegeu, e eles aproveitam para tirar umas casquinhas por conta própria para a própria conta.
Ou seja, é legítimo que o gagaísmo eleja os gá-gás que entender, mas que aqueles que ainda o não são lhes não imitem as manhas, votando arrastão de número, pois o voto é uma decisão e não um prognóstico, uma aposta de adivinhação apontada pela quantidade de pessoas que estavam presentes neste ou naquele lugar por onde a campanha terá passado, uma vez que a crise é grande e a maioria dos que lá estava nesses locais, não era porque professasse o credo aí propalado, mas sim porque estava desempregado, e não tinha mais nada que fazer, podendo ainda ganhar umas canetas, T-shirts e bonés, tal como se fazem ao ver passar a volta, nos sítios onde a etapa acaba, porquanto isso nada tem que ver com gostar de ciclismo nem com o pedalar desportivo: é para iludir o tédio, não para dar vida qualquer remédio.
Coisa de somenos se dirá, todavia já basta e conhecida desde os tempos em que a moirama cavalgava à desfilada pelas planícies alentejanas apregoando as virtudes de Maomé e as receitas de Alá.
Bem cedo o Destino nos fustiga...
E para trás rastos vão ficando.
Esconjuro-te! Deixa que te diga:
Não chores por sombras, tudo é ilusão.
Ai de quem com quimeras vai sonhando
Entre as garras e os dentes do leão!
Que a vida não te iluda e entorpeça já,
Para a vigília são teus olhos feitos.
Ó noite, que do teu ócio nos afaste Alá,
E dos que ao teu feitiço estão sujeitos!
Teu prazer engana, víbora escondida
Detrás da flor: morde quem a quer colher.
Quanta geração foi de Alá querida!
O que ficou? Poderá a memória responder?
Quem pode a menor coisa pretender,
E talentoso ou bom, deveras, ser?
Quem pode dar recompensa ou castigar?
Quem põe fim ao sopro da desgraça?
Quem é que a Danação pode afastar
Ou a tragédia que o Destino traça?
Ó vã generosidade, ó vão valor!
Quem me defenderá do opressor
– Calamidade em noite de Aurora –
Quem? Se já não há regra a respeitar
E o que resta é um silêncio imposto?
Quem é que apagará o amargo gosto
Que nunca ninguém pode apagar?
– Ibn Abdün (Évora, século XI)
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