QUANDO SE COME NÃO SE ASSOBIA

Em literatura não há “sexo
explícito”, porque ele só lá pode estar implícito, através das palavras, das
frases, das metáforas, das imagens, das alegorias, etc. Quando os críticos de
café classificam uma obra literária como erótica por nela haver sexo explícito,
dá-me um nó na garganta e fico com vontade de chorar. De tristeza, por reconhecer
que os anos de aprendizado e graduadas habilitações apenas lhe deram à-vontade
para sentenciar asneiras sem serem admoestados e ao abrigo dos mais variados
canudos. Há, portanto, que não confundir as barras: aquilo que é plausível em
fotografia ou em cinema – factualidade observável e evidente explicitação – não
é verificável em literatura, em nenhum dos géneros. Seja no género lírico,
épico ou dramático. O que é trágico. Pois quando se come, não se assobia, como
diz o povo!