“COMBOIO HUMANO” EXPÕE FOTOS DAS
LINHAS FÉRREAS DO ALTO DOURO VINHATEIRO
E DE TRÁS-OS-MONTES
À PORTA DO PRIMEIRO MINISTRO
O dia em que termina a semana da mobilidade (amanhã, dia 22 de Setembro), foi a data escolhida pelos “Os Verdes” para entregar ao Primeiro Ministro e ao Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, a “prenda” que trouxeram do alto Douro Vinhateiro e de Trás-Os-Montes na iniciativa “Pelo Comboio é que Vamos”, realizada em Agosto passado, contra o encerramento das linhas do Corgo, do Tâmega e do Tua.
Amanhã pelas 15 horas, uma delegação do Partido Ecologista “Os Verdes” entregará a “prenda” na Residência Oficial do Primeiro Ministro enquanto que cá fora, o “comboio humano” mostrará uma exposição de fotografias recolhidas durante a viagem acima mencionada.
Após a entrega, activistas e dirigentes de “Os Verdes” deslocar-se-ão mostrando à população a referida exposição até à Praça do Comércio, onde os participantes das viagens recolherão assinaturas para a Petição em defesa das Linhas do Tua, Corgo e Tâmega que será lançada amanhã.
Para mais informações poderão contactar para os números 213960308, 213960291 ou 917145070.
O Gabinete de Imprensa
21 de Setembro de 2006
PRESENTE
Que é isso de a gente
Estar à porta do tempo
Com um pé fora e outro dentro,
Trajados no rigor descendente,
Com a certeza que o passo não nos pertence?
Não há prosas vãs, rimas falhadas,
Quando os momentos são directos
Em que todas as noites são resultadas
Do acontecerem dias completos,
Na surpresa graça do que soído fora.
Que o amanhã é um ontem que vigora,
Embora haja quem lhe chame futuro sustentado
No humano designo de um soneto inacabado
Ou daquilo que eu, rústico e tosco, nomeio apenas por agora!
PEDAGOGIA
Tu, és filha de um ano lectivo.
Nasceste quando as aulas começam,
Foste feita nas férias do Carnaval...
E anseias por que terminem
Para te estenderes no areal!
Crónicas (In)divisas
Por Joaquim Castanho
osverdes.ptg@gmail.com
Já ninguém duvida por método mas por necessidade e sobrevivência...
A César o que é de César. A Deus o que é de Deus. Ao Estado o que é de todos.
Não obstante o Ministério da Ciência ter garantido recentemente que o Reactor (Nuclear) Português de Investigação, a funcionar em Sacavém, estar devidamente licenciado, o que é certo, é que de acordo com informações veiculadas pelo Ministério/Instituto do Ambiente, este reactor continua como estava há décadas: sem licenciamento.
Os factos são o que são; são factos – e nada pode ser uma coisa e simultaneamente a sua contrária. Em filosofia diz-se que o que é, é. Em política, se é de sensatez, persegue-se esta lógica para incentivar à descoberta da verdade, a fim de que a democracia possa surgir à tona das problemáticas, livre de transgénicos sentidos, limpa de dogmatismos, escanhoada de propagandas falaciosas.
Portanto, além da dúvida e da controvérsia, do diálogo que superintende as negociações, outras interrogações nos acometem de não menos pertinácia: Como é? Que sucedeu, ou que sucede, para que o não licenciamento do reactor nuclear se tenha escondido durante tanto tempo? Porque estamos nós, portugueses, a fazer aquilo que combatemos noutras pátrias? É receio de sermos invadidos como o Irão?...
Houve algum aconselhamento nesse sentido da parte dos Institutos do Ambiente e dos Resíduos? Que resíduos radioactivos produziu até hoje e o que tem feito o Instituto Tecnológico Nuclear para os acondicionar ou eliminar? Se não sabemos sequer que destino lhe tem sido dado, como aliás sucede com os resíduos hospitalares nucleares, como podemos estar confiantes acerca das condições do seu acondicionamento ou uso para que foram reencaminhados? Quem o faz e como se faz, com que regularidade, quantas amostras foram recolhidas e analisadas, no capítulo da monitorização ambiental de grau de radioactividade, conforme o regulado no DL 138/2005? Estamos bem em Portugal ou convém emigrar para o algures patagónico a fim de salvarmos a estirpe dos Viriatos? Este era o único segredo que nos reservavam sob a perspicácia do interesse de Estado e bem público ou têm mais alguns na manga? Se sim, quantos, e com que nível de gravidade para o nosso futuro e dos nossos descendentes? Por quanto tempo mais vão continuar a brincar com a segurança dos contribuintes que lhe pagam os salários para lhe defenderem a vida mas a quem têm sonegado informações essenciais sobre matérias tão perigosas como os resíduos nucleares, que podem afectar directa e indirectamente o seu bem-estar, qualidade de vida, saúde e ambiente? É precisamente a isso que se referem quando nomeiam a necessidade de aprofundar a democracia e implementar a cidadania, aumentar a participação democrática, melhorar os níveis de envolvimento e responsabilidade cívica do povo português?
É?... Então, obrigado pelo exemplo!
Ou, se calhar, perdeu-se o dicionário que tínhamos e já nenhum dos sinónimos tidos para palavras tão simples como civismo, pluralidade, igualdade, solidariedade, fraternidade, frontalidade, é o mesmo que descobrimos nos bancos da escola... Se calhar!
Convite para partilhar caminhos de leitura e uma abertura para os mundos virtuais e virtuososos da escrita sem rede nem receios de censura. Ah, e não esquecer que os e-mails de serviço são osverdes.ptg@gmail.com ou castanhoster@gmail.com FORÇA!!! Digam de vossa justiça!
9.21.2006
9.18.2006
Resíduos nucleares espanhóis às portas portuguesas?...
Conforme foi noticiado recentemente, a aldeia de Peque (Zamora, Espanha), candidatou-se a depósito de resíduos radioactivos. Dado encontrar-se relativamente próxima da fronteira portuguesa, particularmente do distrito de Bragança e do Parque Natural de Montesinho, é notória e justificada a preocupação manifestada pela população local e regional, acerca de projectos de semelhante índole, uma vez que deles podem advir sérias ameaças para a bacia hidrográfica do Douro. No entanto, sob a suspeita de que o governo português está "nem aí" para as inquietações dos autóctones, porquanto não parece estar a acompanhar o processo em questão com a acuidade necessária, nem a divulgar os passos dados no sentido de proteger os portugueses e seu património natural e ambiente, das possíveis consequências e perigos adjacentes aos resíduos nucleares espanhóis, já que pela sua localização os nuestros hermanos serão os únicos beneficiários embora partilhando connosco mais de metade dos riscos, ninguém sabe ao certo como reagir à notícia.
A ser verdade, estamos perante sério caso de desinteresse governamental além de escusa de informações claras e rigorosas sobre as intenções de Peque, bem como que diligências foram tomadas face à hipótese deste projecto vir a ser aprovado pelo governo espanhol. O que é grave, pois demonstra que apenas temos governo para as questões laterais da governação, sobretudo as que dizem respeito à reafirmação do poder do Estado sobre a cidadania, mas incapaz de protagonizar activamente a defesa dos interesses nacionais.
Daí que apresente desde já a minha solidariedade com as gentes do Douro, que por também serem Portugal, merecem muito mais!
Conforme foi noticiado recentemente, a aldeia de Peque (Zamora, Espanha), candidatou-se a depósito de resíduos radioactivos. Dado encontrar-se relativamente próxima da fronteira portuguesa, particularmente do distrito de Bragança e do Parque Natural de Montesinho, é notória e justificada a preocupação manifestada pela população local e regional, acerca de projectos de semelhante índole, uma vez que deles podem advir sérias ameaças para a bacia hidrográfica do Douro. No entanto, sob a suspeita de que o governo português está "nem aí" para as inquietações dos autóctones, porquanto não parece estar a acompanhar o processo em questão com a acuidade necessária, nem a divulgar os passos dados no sentido de proteger os portugueses e seu património natural e ambiente, das possíveis consequências e perigos adjacentes aos resíduos nucleares espanhóis, já que pela sua localização os nuestros hermanos serão os únicos beneficiários embora partilhando connosco mais de metade dos riscos, ninguém sabe ao certo como reagir à notícia.
A ser verdade, estamos perante sério caso de desinteresse governamental além de escusa de informações claras e rigorosas sobre as intenções de Peque, bem como que diligências foram tomadas face à hipótese deste projecto vir a ser aprovado pelo governo espanhol. O que é grave, pois demonstra que apenas temos governo para as questões laterais da governação, sobretudo as que dizem respeito à reafirmação do poder do Estado sobre a cidadania, mas incapaz de protagonizar activamente a defesa dos interesses nacionais.
Daí que apresente desde já a minha solidariedade com as gentes do Douro, que por também serem Portugal, merecem muito mais!
9.14.2006
PARABÉNS ANTÓNIA RITA
(Central, 8 de Setembro de 2006)
Avozinha!... Estou aqui; não estranhes...
(Eu sei que poucas vezes te tratei assim
A não ser quando estava doente!) Mas sou o Quim
O de sempre; aquele que nasceu depois de ti,
Só um dia depois, mas também um dia antes...
Sei que terias orgulho de mim, neste momento...
Sobretudo pela companhia. Ela consegue
Como tu esquentar o frio, arrefecer o calor, mudar o vento,
Arrepiar o pesadelo, suster o rodopio que me persegue
Na febre, o receio, como tu conseguias – ela consegue!
Te celebramos com sopa... Não leves a mal.
Que da horta, na horteloa que foste
Ainda não há quem melhor mostre
Como da folha de qualquer copa
Se pode fazer uma sopa
Juntando-lhe apenas água, azeite e sal.
Ou soro para enfermo, como fazias
Com salsa, hortelã, caldo de carne e pão
Matando varicelas, sarampos, papeiras e demais agonias
Que não poupavam o crescer à trupe do calção.
Mas hoje, escuta a Philipa... Ela tem algo a dizer
Além de ser Antunes e ter a marca do Brasão:
– Parabéns avó! – Tu que foste sangue, carne, osso e pó
És igualmente agora aquele simples coração
A bater, a pulsar, a ler, a tinir sem mágoa nem dó
Nas colheres que brindam o plim-plim do teu renascer.
Parabéns avó, que a morte não é condição
Que apague o teu amor ao amor, nem vontade de viver!
Filipa Brasão Antunes
Joaquim Maria Castanho
(Central, 8 de Setembro de 2006)
Avozinha!... Estou aqui; não estranhes...
(Eu sei que poucas vezes te tratei assim
A não ser quando estava doente!) Mas sou o Quim
O de sempre; aquele que nasceu depois de ti,
Só um dia depois, mas também um dia antes...
Sei que terias orgulho de mim, neste momento...
Sobretudo pela companhia. Ela consegue
Como tu esquentar o frio, arrefecer o calor, mudar o vento,
Arrepiar o pesadelo, suster o rodopio que me persegue
Na febre, o receio, como tu conseguias – ela consegue!
Te celebramos com sopa... Não leves a mal.
Que da horta, na horteloa que foste
Ainda não há quem melhor mostre
Como da folha de qualquer copa
Se pode fazer uma sopa
Juntando-lhe apenas água, azeite e sal.
Ou soro para enfermo, como fazias
Com salsa, hortelã, caldo de carne e pão
Matando varicelas, sarampos, papeiras e demais agonias
Que não poupavam o crescer à trupe do calção.
Mas hoje, escuta a Philipa... Ela tem algo a dizer
Além de ser Antunes e ter a marca do Brasão:
– Parabéns avó! – Tu que foste sangue, carne, osso e pó
És igualmente agora aquele simples coração
A bater, a pulsar, a ler, a tinir sem mágoa nem dó
Nas colheres que brindam o plim-plim do teu renascer.
Parabéns avó, que a morte não é condição
Que apague o teu amor ao amor, nem vontade de viver!
Filipa Brasão Antunes
Joaquim Maria Castanho
9.08.2006
INCUMPRIMENTO DAS METAS DE QUIOTO
RECONHECIMENTO DA SECRETÁRIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES É SINAL POSITIVO MAS TARDIO
A Secretária de Estado dos Transportes proferiu ontem declarações que surpreenderam profundamente “Os Verdes”, ao dizer que o incumprimento das metas de Quioto é, em Portugal, uma consequência directa do uso excessivo dos transportes individuais.
“Os Verdes” concordam com esta afirmação, mas ao mesmo tempo lamentam que depois de anos e anos de avisos e de alertas por parte de “Os Verdes” e de outras organizações ambientalistas, o Governo tenha tardado a reconhecer publicamente esta tão óbvia evidência.
“Os Verdes” estranham ainda que, aquando da realização da interpelação ao Governo sobre transportes e mobilidade, de iniciativa de “Os Verdes”, em Julho último, o discurso do governo tenha sido o oposto ao de ontem. Desde essa altura, e desde o início da sessão legislativa, que não se conhece uma única medida do Governo no sentido de desicentivar a utilização do transporte individual e promover a utilização do transporte público colectivo, antes pelo contrário. Em vez disso, o Governo opta pelo encerramento de linhas ferroviárias, sendo que o comboio é reconhecidamente o transporte colectivo menos poluente.
Apesar de tudo, o PEV espera que as declarações de ontem da Sr.ª Secretária de Estado sejam um sinal positivo para Portugal, e que em breve sejam apresentadas medidas concordantes com este discurso, que não passem apenas pelas incipientes e pouco eficazes propostas já anunciadas (redução da velocidade média nas auto-estradas e a redução do número de dias de circulação dos táxis). “Os Verdes” apenas receiam que, à semelhança do que aconteceu com o reconhecimento público de ontem, o Governo demore mais uns quantos anos a concretizá-las.
O Gabinete de Imprensa
7 de Setembro de 2006
RECONHECIMENTO DA SECRETÁRIA DE ESTADO DOS TRANSPORTES É SINAL POSITIVO MAS TARDIO
A Secretária de Estado dos Transportes proferiu ontem declarações que surpreenderam profundamente “Os Verdes”, ao dizer que o incumprimento das metas de Quioto é, em Portugal, uma consequência directa do uso excessivo dos transportes individuais.
“Os Verdes” concordam com esta afirmação, mas ao mesmo tempo lamentam que depois de anos e anos de avisos e de alertas por parte de “Os Verdes” e de outras organizações ambientalistas, o Governo tenha tardado a reconhecer publicamente esta tão óbvia evidência.
“Os Verdes” estranham ainda que, aquando da realização da interpelação ao Governo sobre transportes e mobilidade, de iniciativa de “Os Verdes”, em Julho último, o discurso do governo tenha sido o oposto ao de ontem. Desde essa altura, e desde o início da sessão legislativa, que não se conhece uma única medida do Governo no sentido de desicentivar a utilização do transporte individual e promover a utilização do transporte público colectivo, antes pelo contrário. Em vez disso, o Governo opta pelo encerramento de linhas ferroviárias, sendo que o comboio é reconhecidamente o transporte colectivo menos poluente.
Apesar de tudo, o PEV espera que as declarações de ontem da Sr.ª Secretária de Estado sejam um sinal positivo para Portugal, e que em breve sejam apresentadas medidas concordantes com este discurso, que não passem apenas pelas incipientes e pouco eficazes propostas já anunciadas (redução da velocidade média nas auto-estradas e a redução do número de dias de circulação dos táxis). “Os Verdes” apenas receiam que, à semelhança do que aconteceu com o reconhecimento público de ontem, o Governo demore mais uns quantos anos a concretizá-las.
O Gabinete de Imprensa
7 de Setembro de 2006
9.07.2006
Obrigada, Obrigado
Séria, murmuraste que não tenho idade…
Que sou aquele minuto difuso que vagueia
Entre o segundo, a hora e a claridade
Que ao sangue nosso apelo incendeia.
Dizes-me instante… Seja. Resigno-me portanto.
Pois nunca sei como argumentar contra ti,
Que és o simples complexo do soslaio de espanto
De cada memória que em pleno futuro vivi.
Era meia-noite, mais quase nada depois
Que o segredo disse o silenciado cicio
Da vertigem feita queda no precipício
Em que suados e colados e gritados caímos os dois!
Séria, murmuraste que não tenho idade…
Que sou aquele minuto difuso que vagueia
Entre o segundo, a hora e a claridade
Que ao sangue nosso apelo incendeia.
Dizes-me instante… Seja. Resigno-me portanto.
Pois nunca sei como argumentar contra ti,
Que és o simples complexo do soslaio de espanto
De cada memória que em pleno futuro vivi.
Era meia-noite, mais quase nada depois
Que o segredo disse o silenciado cicio
Da vertigem feita queda no precipício
Em que suados e colados e gritados caímos os dois!
9.06.2006
“OS VERDES” LEVAM ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS E SUPRESSÃO DE CARREIRAS DA TST À FESTA DA MOITA
O Partido Ecologista “Os Verdes” vai estar presente nas Festas da Moita, em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, com um pavilhão que inaugura na próxima sexta-feira, dia 8 de Setembro.
“Os Verdes” levam à Moita duas campanhas distintas:
Campanha de recolha de assinaturas para um abaixo-assinado, contra a supressão de algumas carreiras no percurso Montijo-Moita-Barreiro, contra a falta de compatibilização de horários com a ligação fluvial Barreiro/Lisboa/Barreiro e contra as sucessivas medidas que desincentivam a utilização do transporte colectivo
Campanha “STOP ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS”, de âmbito internacional que tem como principais objectivos pressionar a administração norte-americana a aderir ao Protocolo de Quioto, manifestar a insatisfação pela política de transportes públicos seguida pelo Governo português e alertar a população para o fenómeno das alterações climáticas, promovendo comportamentos que ajudem a travar este fenómeno. Consiste na assinatura de dois postais: um dirigido ao Presidente dos Estados Unidos da América exigindo que esse país adira sem restrições ao Protocolo de Quioto e outro dirigido ao Sr. Primeiro-Ministro, José Sócrates, através do qual os cidadãos demonstrarão a sua insatisfação pelos consecutivos aumentos das tarifas dos transportes públicos, exigindo que sejam tomadas medidas no sentido de se investir numa rede de transportes de qualidade.
Para além destes dois temas, serão abordadas outras questões como a privatização da água e a segurança marítima. Para mais informações, poderão contactar o dirigente de “Os Verdes”, Jorge Taylor, através do número 919 753 656.
O Gabinete de Imprensa
5 de Setembro de 2006
O Partido Ecologista “Os Verdes” vai estar presente nas Festas da Moita, em honra da Nossa Senhora da Boa Viagem, com um pavilhão que inaugura na próxima sexta-feira, dia 8 de Setembro.
“Os Verdes” levam à Moita duas campanhas distintas:
Campanha de recolha de assinaturas para um abaixo-assinado, contra a supressão de algumas carreiras no percurso Montijo-Moita-Barreiro, contra a falta de compatibilização de horários com a ligação fluvial Barreiro/Lisboa/Barreiro e contra as sucessivas medidas que desincentivam a utilização do transporte colectivo
Campanha “STOP ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS”, de âmbito internacional que tem como principais objectivos pressionar a administração norte-americana a aderir ao Protocolo de Quioto, manifestar a insatisfação pela política de transportes públicos seguida pelo Governo português e alertar a população para o fenómeno das alterações climáticas, promovendo comportamentos que ajudem a travar este fenómeno. Consiste na assinatura de dois postais: um dirigido ao Presidente dos Estados Unidos da América exigindo que esse país adira sem restrições ao Protocolo de Quioto e outro dirigido ao Sr. Primeiro-Ministro, José Sócrates, através do qual os cidadãos demonstrarão a sua insatisfação pelos consecutivos aumentos das tarifas dos transportes públicos, exigindo que sejam tomadas medidas no sentido de se investir numa rede de transportes de qualidade.
Para além destes dois temas, serão abordadas outras questões como a privatização da água e a segurança marítima. Para mais informações, poderão contactar o dirigente de “Os Verdes”, Jorge Taylor, através do número 919 753 656.
O Gabinete de Imprensa
5 de Setembro de 2006
PORTARIA QUE ESTABELECE ZONAS LIVRES DE OGM TRADUZ HIPOCRISIA DO GOVERNO
Finalmente, após dois anos de cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM), o Governo publica legislação que estabelece as condições e procedimentos para estabelecimento de zonas livres de OGM.
Neste diploma, o governo enaltece descaradamente o facto de ser um dos primeiros a publicar esta legislação, mas esquece-se de dizer que tem sido um também um dos percursores na abertura a este tema, ao permitir o cultivo de OGM já há pelo menos 2 anos, quando há muitos outros países que ainda hoje, por medidas de precaução, não o estão a fazer.
Para “Os Verdes”, a presente portaria não é mais do que um formulário burocrático que tem como principal objectivo impedir que zonas livres de OGM sejam de facto constituídas, visto que é inúmera a documentação pedida aos agricultores que o pretendam fazer, sendo igualmente caricato quando comparado com as poucas exigências que se fazem para quem quer cultivar transgénicos, colocando assim em perigo a saúde pública e o ambiente.
Para além disso, o facto de ser exigida uma área mínima de 3000ha de área contínua para a criação desta zonas, torna a sua implementação praticamente inviável, tendo em conta aquilo que é a maioria da nossa estrutura fundiária.
“Os Verdes” consideram de legitimidade duvidosa a imposição de uma maioria reforçada (2/3) para poderem deliberar sobre este assunto, quando o regime normal de votação das assembleias é por maioria simples.
Esta portaria deixa ainda de fora uma das medidas que “Os Verdes” consideram ser essencial e que tem a ver com todas as áreas protegidas serem automaticamente declaradas como zonas livres de OGM, dado o seu importante interesse na preservação do ambiente e da biodiversidade.
Para “Os Verdes”, esta portaria traduz a hipocrisia do governo sobre esta matéria e demonstra claramente que, mais uma vez, no lugar de resguardar de uma forma preventiva a saúde pública, o ambiente e a biodiversidade e o direito de escolha dos agricultores, está, em vez disso, ao lado dos interesses das multinacionais Monsanto e companhia.
“Os Verdes” adiantam que vão auscultar outras opiniões sobre esta matéria, remetendo para mais tarde uma posição mais aprofundada.
O Gabinete de Imprensa
5 de Setembro de 2006
Finalmente, após dois anos de cultivo de organismos geneticamente modificados (OGM), o Governo publica legislação que estabelece as condições e procedimentos para estabelecimento de zonas livres de OGM.
Neste diploma, o governo enaltece descaradamente o facto de ser um dos primeiros a publicar esta legislação, mas esquece-se de dizer que tem sido um também um dos percursores na abertura a este tema, ao permitir o cultivo de OGM já há pelo menos 2 anos, quando há muitos outros países que ainda hoje, por medidas de precaução, não o estão a fazer.
Para “Os Verdes”, a presente portaria não é mais do que um formulário burocrático que tem como principal objectivo impedir que zonas livres de OGM sejam de facto constituídas, visto que é inúmera a documentação pedida aos agricultores que o pretendam fazer, sendo igualmente caricato quando comparado com as poucas exigências que se fazem para quem quer cultivar transgénicos, colocando assim em perigo a saúde pública e o ambiente.
Para além disso, o facto de ser exigida uma área mínima de 3000ha de área contínua para a criação desta zonas, torna a sua implementação praticamente inviável, tendo em conta aquilo que é a maioria da nossa estrutura fundiária.
“Os Verdes” consideram de legitimidade duvidosa a imposição de uma maioria reforçada (2/3) para poderem deliberar sobre este assunto, quando o regime normal de votação das assembleias é por maioria simples.
Esta portaria deixa ainda de fora uma das medidas que “Os Verdes” consideram ser essencial e que tem a ver com todas as áreas protegidas serem automaticamente declaradas como zonas livres de OGM, dado o seu importante interesse na preservação do ambiente e da biodiversidade.
Para “Os Verdes”, esta portaria traduz a hipocrisia do governo sobre esta matéria e demonstra claramente que, mais uma vez, no lugar de resguardar de uma forma preventiva a saúde pública, o ambiente e a biodiversidade e o direito de escolha dos agricultores, está, em vez disso, ao lado dos interesses das multinacionais Monsanto e companhia.
“Os Verdes” adiantam que vão auscultar outras opiniões sobre esta matéria, remetendo para mais tarde uma posição mais aprofundada.
O Gabinete de Imprensa
5 de Setembro de 2006
9.05.2006
MEDIDAS SIMPLEX APLICADAS AO LICENCIAMENTO TURÍSTICO PREOCUPAM “OS VERDES”
“Os Verdes consideram que as medidas anunciadas pelo Conselho de Ministros de ontem, no sentido de “agilizar” os procedimentos de licenciamento dos empreendimentos turísticos, são extremamente preocupantes.
Para “Os Verdes”, os políticos eleitos e a administração pública passam a lavar as mãos, como Pilatos, face às violações das normas de segurança e das restrições ambientais impostas, assim como pelas consequências que daí podem advir para os utilizadores e para o ambiente.
O Partido Ecologista “Os Verdes” considera desde já inadmissíveis algumas das medidas anunciadas (sem prejuízo de uma avaliação mais profunda quando todo o diploma for conhecido), tais como a possibilidade de abertura de empreendimentos turísticos sem emissão de alvará ou licença de utilização e a prescrição da necessidade de realização de vistorias ou de alvarás, por não cumprimento dos prazos previstos pela administração.
“Os Verdes” acreditam que estas duas medidas abrem portas a situações de insegurança para os utilizadores, facilitando igualmente a transgressão de construção em zonas de risco ou ambientalmente sensíveis.
Estas decisões são tanto mais graves quando se conhece a falta de cultura cívica que reina no meio empresarial do nosso país, a ansiedade de obtenção de lucros fáceis e rápidos que caracteriza a sociedade de hoje, o desprezo pela vida humana e pelos valores ambientais, a falta de cultura na prevenção de riscos e a lentidão e fragilidade da justiça em caso de acidentes, sejam eles humanos ou ambientais.
Para “Os Verdes”, esta decisão do governo traduz, mais uma vez, a sua permeabilidade face aos interesses económicos dos grandes lobies do turismo e da construção.
O Gabinete de Imprensa
1 de Setembro de 2006
“Os Verdes consideram que as medidas anunciadas pelo Conselho de Ministros de ontem, no sentido de “agilizar” os procedimentos de licenciamento dos empreendimentos turísticos, são extremamente preocupantes.
Para “Os Verdes”, os políticos eleitos e a administração pública passam a lavar as mãos, como Pilatos, face às violações das normas de segurança e das restrições ambientais impostas, assim como pelas consequências que daí podem advir para os utilizadores e para o ambiente.
O Partido Ecologista “Os Verdes” considera desde já inadmissíveis algumas das medidas anunciadas (sem prejuízo de uma avaliação mais profunda quando todo o diploma for conhecido), tais como a possibilidade de abertura de empreendimentos turísticos sem emissão de alvará ou licença de utilização e a prescrição da necessidade de realização de vistorias ou de alvarás, por não cumprimento dos prazos previstos pela administração.
“Os Verdes” acreditam que estas duas medidas abrem portas a situações de insegurança para os utilizadores, facilitando igualmente a transgressão de construção em zonas de risco ou ambientalmente sensíveis.
Estas decisões são tanto mais graves quando se conhece a falta de cultura cívica que reina no meio empresarial do nosso país, a ansiedade de obtenção de lucros fáceis e rápidos que caracteriza a sociedade de hoje, o desprezo pela vida humana e pelos valores ambientais, a falta de cultura na prevenção de riscos e a lentidão e fragilidade da justiça em caso de acidentes, sejam eles humanos ou ambientais.
Para “Os Verdes”, esta decisão do governo traduz, mais uma vez, a sua permeabilidade face aos interesses económicos dos grandes lobies do turismo e da construção.
O Gabinete de Imprensa
1 de Setembro de 2006
9.02.2006
TESES EM CONDOMÍNIO FECHADO
5. As migrações autorais com diferentes sotaques dentro do discurso literário escribalista
Do ponto de vista da utilidade na produção de escrita criativa, os blogs não funcionam como órgãos de comunicação social, abertos e públicos, mas são excelentes instrumentos de trabalho, ferramentas de edição, antecipados prelos, cujo suporte electrónico facilita, quer em termos de flexibilidade como em condições de visibilidade, o programa heurístico e de revisão contínua sem o qual qualquer atelier de literatura não pode passar para melhorar e evoluir dentro da sua performance estilística. São o painel – mas não a agenda ou diário de bordo!, que esses têm uma vocação diacrónica específica de localização datada da obra ou partes dela – de oficina literária onde escritor aponta as primeiras versões do seu trabalho, esclarece os propósitos e intenções que lhe são adjacentes, apenas acessível aos seus leitores íntimos, amigos de confiança de quem não nos importamos que olhem por cima do nosso ombro enquanto se escreve, como antigamente, nos tempos áureos e mais prósperos da literatura portuguesa, acontecia nas tertúlias dos cafés e livrarias, entre quem privava de perto com os actores das letras, que eram os seus primeiros ouvintes e críticos, aos quais o autor senso e gosto prezava. Tal como aconteceu com inúmeras figuras representativas da literatura portuguesa e que por esse facto reforçaram o seu estatuto nela, ganharam quorum social, uma tábua de resistência e ensaio ambiente, consolidação de discurso e análise de teoria de vida, de que são exemplo Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, José Régio, Fernando Pessoa, António Botto, Gomes Leal, Carlos de Oliveira, Almada Negreiros, Cardoso Pires, Manuel da Fonseca, etc., etc., que se encontravam regularmente na Bertrand, na Brasileira, no Gelo, no Central, no Alentejano, para contarem as novidades do seu labor, lendo-as ou dando-as a ler em primeira mão aos seus confrades e compinchas, parceiros de discussão ou adeptos de ideologia, assim hoje cada escriba pode crescer internamente sem se privar do convívio e confrontação gregária que o alicerça na humanidade que constrói e a que simultaneamente está sujeito, não obstante os cafés e salões de chá terem perdido a decoração, a frequência da estirpe intelectualizada, disponibilidade e ambiente convivencial ou tertuliano de pretéritas datas, motivações e estratificação social propícia. Pois “quem somos, senão o que imperfeitamente sabemos de um passado de vultos mal recortados na neblina opaca, imprecisos rostos mentidos nas páginas antigas de tomos cujas palavras não são, de certo, as proferidas, ou reproduzem sequer actos e gestos cometidos? Frases incompletas, vidros quebrados, arestas de estilhaços onde sangramos palavras? Animais inocentes que porfiam na cegueira das trevas a demanda tenaz do seu claro sentido?”
Assim, desse cuidadosamente íntimo entrelinhavar no conflito entre prosa e rima, maquinismo que catapulta a escrita para lá das significações estritamente ordinárias, vulgares ao amanuense como ao filósofo, pejadas de argumentação e retórica do advogado em causa própria, o blog permite estabelecer um grupo permanente de convivas ou cumplicidades externas ao processo de criação literária, no entanto suas integrais testemunhas nunca indiferentes e antes participativas, senão solidárias, críticas, que a abonam ou agregam, revolucionam ou prorrogam, nos ditames subjacentes à estética, corrente ou doutrina interiorizada, acrescentando-lhe a mais-valia da gregaridade, da socialização e da ética, editando-se como bastidor de dimensões supra espaço-quando onde a arte ganha foros de meio de civilização e perde as funcionalidades de apêndice, de acessório na cosmética do narcisismo individualista, não como passaporte electrónico para universalidade literária mas sim, e nomeadamente, enquanto panóplia de opiniões interessadas e afectas ao género que ao momento vigora na imagética do seu actor, imperando sobre o seu par no intermitente contencioso de onde nasce incontornavelmente cada obra.
O escriba acocorado
Sentado na pedra de ti próprio,
não tens rosto, senão o que,
de anónimo, a ela afeiçoou
a mão que assim te quis. Do resto,
do que de individualidade, porventura,
em ti existiria, se encarregou
a persistente erosão dos dias. De vago,
neutro olhar sem órbitas, permaneces
hirto, fitando sempre mais além
da morna penumbra que envolve
no halo intemporal que é, do tempo,
o nexo único. Nesse olhar
de não ver que se inscreve,
repensa e adivinha: teus limites
e, ainda, o que excederia tua humana
estatura. Sem contornos, em sombra
e sono te diluis no que, de ti,
nunca saberemos. Porém, límpida
e escorreita, até nós chega a laboriosa
escrita que no papiro ias lavrando.
In O Corpo de Atena, de Rui Knopfli
Outro escribalista que a par de António Quadros e Rui Knopfli (RK) merece referência nestas teses de acento convexo, quer pela sua conduta de escrita, quer pelo seu difuso refundir poético na criação romanesca, é Vergílio Ferreira (VF), sobretudo naquela que foi uma das suas mais exemplares experiências no âmbito do escribalismo: Carta a Sandra. No entanto, e por questões de intercepção diacrónica, geográfica e conotativa (ambos conviveram em Lourenço Marques onde editaram, em conjunto, os cadernos Caliban), seria de muito mau tom saltar para VF sem tocar no seu reverso, visto que se neste o prosador vingou foi por ter sido sustentado com discurso do poeta, amamentado pela sua imagética, em RK foi a poesia que se entrincheirou na narrativa pessoal e plástica, deslindando formas esculturais de étimos que à memória só se revelaram pelos sinuosos arrimos do inconsciente, considerando que este canteiro de palavras, cinzeladas no mármore da carne viva, na pedra árdua do palimpsesto, em estrofes penosamente reiteradas no sangue como incessante procura de justiça e de verdade sob o ruído das torrentes subterrâneas, na imemorial mó granítica e circular com que o humano balizou os horizontes do tempo, buscado no espectro da rosa dos ventos não como realidade dum corpo mas antes corpo de verdades, enquanto rosto de algoz que inclusivamente é a face da própria vítima, também foi um dos que tiveram de resolver a tirania da bissexualidade genérica consumando o incesto de deixar-se penetrar pelo discurso narrativo na sua poética de quietas estátuas de sal, palavras corrosivas, danosas como vermes que perseguem a ideia, cativando-a e perturbando-a lentamente, subvertendo-lhe a vontade, exaltando-lhe os sentidos e, amorosamente, desfigurando-a, até já nada dela restar senão o poema, intencional e propositadamente fora de qualquer rima, que trabalha dura e dificilmente a madeira rija dos seus versos, sílaba a sílaba, palavra a palavra, mas que não rimam simplesmente para se não violentarem e se sentirem esperadas. Feitos prosa escorreita, se lhe estilhaçarmos a configuração na página para o lermos em linha corrida.
Luís de Sousa Rebelo diz dele – O Escriba Acocorado, livro concebido entre 1971 e 1977, mas somente editado em 1978 –, no prefácio a Memória Consentida: 20 anos de poesia 1959/1979, da Biblioteca de Autores Portugueses, edição da Imprensa Nacional / Casa da Moeda, que é "uma narrativa em treze poemas, delimitados por uma proposição e uma posposição", sob a estruturada ordem de poema épico "onde o acento lírico põe na voz uma mágoa de naufrágios e derrotas cruéis, que impõem o exílio do espaço habitado e bem amado. À perda das areias, das águas e dos rios conhecidos, ao ufanismo de outrora, canto inocente da infância arruinada, impõe-se de novo a consciência da única continuidade sólida na trajectória do seu próprio ser: «... pátria é só a língua em que me digo.»" Já que é "nos desconcertos do mundo, que constitui um dos grandes temas do Escriba Acocorado, onde se combinam todos os sofrimentos da humanidade milenária, desde Homero a Sá de Miranda ou Camões, desde a Ilíada à Waste Land de Eliot, com as provações do tempo lusíada, Knopfli não deixa de comentar a ironia dos deuses:
«pergunto-me se o meu destino nisto se concertou:
descer a última vertente sob os plátanos do Mall,
restos de inverno mordendo o ar primaveril.»"
O que é quase a essência do escribalismo, se considerarmos que o exílio do espaço habitado e bem amado que refere, mais não é do que a revelação projectiva daquela outra expulsão interna à língua pátria, em que foi notoriamente coagido, impulsionado, para escolher entre poesia e prosa, mas ele, o autor, porque tentou (e conseguiu!) fazer uma à custa da outra, igualmente transferiu o seu desconcerto interior, o desencontro íntimo, para o mundo real e visão que dele formara: filosofia de vida, conceito de sociedade, percepção do cosmos e teoria originária da vida. Que enformam categoricamente num "centro trágico" preenchido por inúmeras "contradições, angústias, fraquezas e carências" passando ao lado da vida conforme foi apanágio da malta da dialéctica do blusão e das patilhas. Como aliás, ainda é!
Escriba bipátrido que professou a sociologia das esquinas sentado na borda do passeio com os rebeldes do tacão martelado no solo (geração de expatriados moçambicanos que reúne uma imensa plêiade de artistas e intelectuais de onde se destacaram nomes como o de Alberto de Lacerda, Helder Macedo, Virgílio de Lemos, Ruy Guerra, Fernando Gil, Pancho Miranda Guedes, Pepe Diniz, Bertina Lopes, Grabato Dias, Eugénio Lisboa, por exemplo), precisamente no vértice de confluência perpendicular entre o essencialismo de ser e o existencialismo de estar, que nunca se embrenhou empenhadamente e com exclusividade na claridade neótica de qualquer delas, nem sequer intervalarmente, mas antes se instalou naquilo que alguns apelidaram de lirismo lucidamente vigiado, o que verdadeiramente não sei que seja por demais que a alucinação se imiscua nas minhas imagética e teoria da crítica, embora tudo aponte para essa espécie de contrita proclamação de quem em atenta vigília cruza o périplo das noites de olhos perdidos na brancura manchada do papel, recriminando-se delas (brancura e mancha), qual detractor sistemático de si, progredindo com infalível pontaria na pista dos seus modelos (Manuel Bandeira, Drummond de Andrade, Manuel da Fonseca, Vladimir Maiacovsky, Miguel Torga, José Régio, Bertolt Brecht, Alexandre O'Neil, Augusto Gil, António Nobre, João de Deus, Vinícius de Moraes, T. S. Eliot, Robert Lowell, Herberto Helder, Camões, Jorge de Sena, André Vozenesensky, Gunter Eich, Kavafi, Dylan Thomas, Po-Chu-U ou Wilfred Owen), com a teimosa persistência de quem trabalha vigilante (e não esquecer que os vigilantes também podem ser os paisanos do moralismo, policiadores voluntários do bem-pensantismo e da ordem divina...) na oficina escura sem-mais-nada que as arestas vivas, da dureza do diamante, sempre com ar discreto mas minando os poderes instituídos que lhe retribuíram à letra, como se veio a confirmar no final da sua vida pela atitude dos Outros (país em que nascera como uma criança longe) a quem pertenciam as suas duas pátrias – Moçambique e Portugal – mas a que teve de renunciar para se abrigar no cortejo a Sua Majestade, em Inglaterra, como consequência do período pós colonial português (e ultramarino), que o passou a considerar reaccionário e racista, quando no pré-25 A foram lestos e lampeiros em classificá-lo de revolucionário.
Desenraizado de micaia na lapela postara-se na beira do passeio onde as palavras ainda estão chateadas e não têm ilusões. São árvores que não frutificam fantasias, dão flores de sangue e frutos abortivos de dor, no tempo que vai da sístole à diástole. Verdades falsas. Palavras imperfeitas de torna-viagem que se esgueiram e sobem à tona ou penetram doloridas nos espaços oxigenados, quase rostos em que se incendeia a escuridão que habita, essa insónia de velar a uma e outra artéria da escrita, ora a lógica prosaica dos factos, ora a distância indiscritível dos incógnitos anos futuros, caminhando diurnamente mas com os pesadelos nocturnos colados à consciência.
Autodenominando-se medíocre de esquina, o seu rio é de gente, não de água. É um rio ético, muito próximo do de Camões, do de Pessoa e do de Garbato, no qual ninguém se deve rir dos dentes do jacaré antes de o ter atravessado completamente, habitat de amedrontados bichos humanos que, pelo seu delito da palavra expiam nas trevas a sua própria substância, o anátema da inveja suscitada, pois não obstante o que parece, as aparências iludem de facto, o que transforma a transparência aparente do seu discurso na emanação dessa mesma obscuridade onde, vazados, seus olhares foi sempre para dentro que olharam, tentando ver a essência (... Para quê querer incendiar os astros se, dentro de nós, ainda não acendemos todas as luzes?) humana, aquela que faz de cada homem uma ilha cega na densa cerração.
Se tem tido a ousadia de saltar da esquina, descer o lancil e tomado uma das direcções, podia ter sido um bom poeta; podia até ter sido um bom romancista; assim, foi apenas um óptimo mestiço, cujo verbo de ocidental africano, embora o DNA da página branca tenha confundido os genes da noite escura, que adivinhou o futuro europeu, o impacientasse demorando o sábado que nunca mais era e hoje é. Porque hoje é sábado, dizem os poetas de ahora. Portanto, ouçamo-lo com Naturalidade:
«Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.»
E a Europa é precisamente essa esquina que fica entre a imagem e a descrição, entre o novo e o antigo mundo, entre o gesto e alma, entre o oriente e o ocidente, entre a tecnologia e a natureza, entre o norte e o sul, entre o conhecimento e a tradição, entre a técnica e a matéria, entre a sílaba e o cifrão, entre o analógico e o alegórico, a que a humanidade convencionou chamar civilização homo sapiens, de onde os escribas da modernidade, acocorados ou não, sentados no chão à índio ou nas esplanadas dos cafés parisienses, pincelando a tela ou dedilhando o Windows do portátil sobre os joelhos, debitará a dúvida criativa entre prosa ou poesia, o cógito metódico entre estar e ser, entre ficção e verdade.
Poesia com poesia se paga
Estranha humanidade…
Recebeste algum aviso, ideia forte
Conselho, qualquer indicação útil
Do que deverias dizer ao vento norte
Quando aflorasse teus lábios cor de sul
Gretados nas secas e alterações climáticas?
Estiveste porventura lá naquele dia
Entre as urgências e os intensivos de Santa Maria
Quando os médicos te diagnosticaram poliomielite
E o teu disse «porra, está fodido o gaiato,
Para toda a vida, mesmo que se salve»?
Ouviste alguma vez os sinos repicarem longe, longe
Mas aproximando-se como comboio rápido aproximando-se
Aproximando-se até te estoirarem o bronze das células
Num dlam-dlam dlam-dlam ensurdecedor parando tudo
Sem voz gritada de “ai!!!...” para desligar o mundo?
Então, deixa-me ficar aqui acocorado longe da tua sabedoria
Da tua mesquinha insignificância de ser ninguém mas com canudo
Cego, insuficiente mesmo se quer ser algo de ver-se
Que não consegue cumprir os ditames que a si ditou
E tem dificuldade em confrontar-se com a igualdade prática
Que faz de muitos, aos milhões, a mesma pátria.
Volta-te prò espelho, palerma unzidor…
Que vês tu? De ti até os fantasmas fugiram,
Se esconderam da dor de ser sombra, arderam
Consumidos na vergonha da própria cor!
(Joaquim Castanho)
Ou seja: nesta perspectiva – e retomando as funcionalidades da bloguística que satisfaz completamente as necessidades do escriba, como o mais flexível e maneável dos papiros que a ciência, a indústria, a técnica e o progresso nos facilitaram –, aquilo que noutros tempos estava apenas acessível a alguns carolas ou eleitos, afortunados pelo ambiente literário onde nasceram ou suficientemente endinheirados para se deslocarem até eles,
5. As migrações autorais com diferentes sotaques dentro do discurso literário escribalista
Do ponto de vista da utilidade na produção de escrita criativa, os blogs não funcionam como órgãos de comunicação social, abertos e públicos, mas são excelentes instrumentos de trabalho, ferramentas de edição, antecipados prelos, cujo suporte electrónico facilita, quer em termos de flexibilidade como em condições de visibilidade, o programa heurístico e de revisão contínua sem o qual qualquer atelier de literatura não pode passar para melhorar e evoluir dentro da sua performance estilística. São o painel – mas não a agenda ou diário de bordo!, que esses têm uma vocação diacrónica específica de localização datada da obra ou partes dela – de oficina literária onde escritor aponta as primeiras versões do seu trabalho, esclarece os propósitos e intenções que lhe são adjacentes, apenas acessível aos seus leitores íntimos, amigos de confiança de quem não nos importamos que olhem por cima do nosso ombro enquanto se escreve, como antigamente, nos tempos áureos e mais prósperos da literatura portuguesa, acontecia nas tertúlias dos cafés e livrarias, entre quem privava de perto com os actores das letras, que eram os seus primeiros ouvintes e críticos, aos quais o autor senso e gosto prezava. Tal como aconteceu com inúmeras figuras representativas da literatura portuguesa e que por esse facto reforçaram o seu estatuto nela, ganharam quorum social, uma tábua de resistência e ensaio ambiente, consolidação de discurso e análise de teoria de vida, de que são exemplo Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, José Régio, Fernando Pessoa, António Botto, Gomes Leal, Carlos de Oliveira, Almada Negreiros, Cardoso Pires, Manuel da Fonseca, etc., etc., que se encontravam regularmente na Bertrand, na Brasileira, no Gelo, no Central, no Alentejano, para contarem as novidades do seu labor, lendo-as ou dando-as a ler em primeira mão aos seus confrades e compinchas, parceiros de discussão ou adeptos de ideologia, assim hoje cada escriba pode crescer internamente sem se privar do convívio e confrontação gregária que o alicerça na humanidade que constrói e a que simultaneamente está sujeito, não obstante os cafés e salões de chá terem perdido a decoração, a frequência da estirpe intelectualizada, disponibilidade e ambiente convivencial ou tertuliano de pretéritas datas, motivações e estratificação social propícia. Pois “quem somos, senão o que imperfeitamente sabemos de um passado de vultos mal recortados na neblina opaca, imprecisos rostos mentidos nas páginas antigas de tomos cujas palavras não são, de certo, as proferidas, ou reproduzem sequer actos e gestos cometidos? Frases incompletas, vidros quebrados, arestas de estilhaços onde sangramos palavras? Animais inocentes que porfiam na cegueira das trevas a demanda tenaz do seu claro sentido?”
Assim, desse cuidadosamente íntimo entrelinhavar no conflito entre prosa e rima, maquinismo que catapulta a escrita para lá das significações estritamente ordinárias, vulgares ao amanuense como ao filósofo, pejadas de argumentação e retórica do advogado em causa própria, o blog permite estabelecer um grupo permanente de convivas ou cumplicidades externas ao processo de criação literária, no entanto suas integrais testemunhas nunca indiferentes e antes participativas, senão solidárias, críticas, que a abonam ou agregam, revolucionam ou prorrogam, nos ditames subjacentes à estética, corrente ou doutrina interiorizada, acrescentando-lhe a mais-valia da gregaridade, da socialização e da ética, editando-se como bastidor de dimensões supra espaço-quando onde a arte ganha foros de meio de civilização e perde as funcionalidades de apêndice, de acessório na cosmética do narcisismo individualista, não como passaporte electrónico para universalidade literária mas sim, e nomeadamente, enquanto panóplia de opiniões interessadas e afectas ao género que ao momento vigora na imagética do seu actor, imperando sobre o seu par no intermitente contencioso de onde nasce incontornavelmente cada obra.
O escriba acocorado
Sentado na pedra de ti próprio,
não tens rosto, senão o que,
de anónimo, a ela afeiçoou
a mão que assim te quis. Do resto,
do que de individualidade, porventura,
em ti existiria, se encarregou
a persistente erosão dos dias. De vago,
neutro olhar sem órbitas, permaneces
hirto, fitando sempre mais além
da morna penumbra que envolve
no halo intemporal que é, do tempo,
o nexo único. Nesse olhar
de não ver que se inscreve,
repensa e adivinha: teus limites
e, ainda, o que excederia tua humana
estatura. Sem contornos, em sombra
e sono te diluis no que, de ti,
nunca saberemos. Porém, límpida
e escorreita, até nós chega a laboriosa
escrita que no papiro ias lavrando.
In O Corpo de Atena, de Rui Knopfli
Outro escribalista que a par de António Quadros e Rui Knopfli (RK) merece referência nestas teses de acento convexo, quer pela sua conduta de escrita, quer pelo seu difuso refundir poético na criação romanesca, é Vergílio Ferreira (VF), sobretudo naquela que foi uma das suas mais exemplares experiências no âmbito do escribalismo: Carta a Sandra. No entanto, e por questões de intercepção diacrónica, geográfica e conotativa (ambos conviveram em Lourenço Marques onde editaram, em conjunto, os cadernos Caliban), seria de muito mau tom saltar para VF sem tocar no seu reverso, visto que se neste o prosador vingou foi por ter sido sustentado com discurso do poeta, amamentado pela sua imagética, em RK foi a poesia que se entrincheirou na narrativa pessoal e plástica, deslindando formas esculturais de étimos que à memória só se revelaram pelos sinuosos arrimos do inconsciente, considerando que este canteiro de palavras, cinzeladas no mármore da carne viva, na pedra árdua do palimpsesto, em estrofes penosamente reiteradas no sangue como incessante procura de justiça e de verdade sob o ruído das torrentes subterrâneas, na imemorial mó granítica e circular com que o humano balizou os horizontes do tempo, buscado no espectro da rosa dos ventos não como realidade dum corpo mas antes corpo de verdades, enquanto rosto de algoz que inclusivamente é a face da própria vítima, também foi um dos que tiveram de resolver a tirania da bissexualidade genérica consumando o incesto de deixar-se penetrar pelo discurso narrativo na sua poética de quietas estátuas de sal, palavras corrosivas, danosas como vermes que perseguem a ideia, cativando-a e perturbando-a lentamente, subvertendo-lhe a vontade, exaltando-lhe os sentidos e, amorosamente, desfigurando-a, até já nada dela restar senão o poema, intencional e propositadamente fora de qualquer rima, que trabalha dura e dificilmente a madeira rija dos seus versos, sílaba a sílaba, palavra a palavra, mas que não rimam simplesmente para se não violentarem e se sentirem esperadas. Feitos prosa escorreita, se lhe estilhaçarmos a configuração na página para o lermos em linha corrida.
Luís de Sousa Rebelo diz dele – O Escriba Acocorado, livro concebido entre 1971 e 1977, mas somente editado em 1978 –, no prefácio a Memória Consentida: 20 anos de poesia 1959/1979, da Biblioteca de Autores Portugueses, edição da Imprensa Nacional / Casa da Moeda, que é "uma narrativa em treze poemas, delimitados por uma proposição e uma posposição", sob a estruturada ordem de poema épico "onde o acento lírico põe na voz uma mágoa de naufrágios e derrotas cruéis, que impõem o exílio do espaço habitado e bem amado. À perda das areias, das águas e dos rios conhecidos, ao ufanismo de outrora, canto inocente da infância arruinada, impõe-se de novo a consciência da única continuidade sólida na trajectória do seu próprio ser: «... pátria é só a língua em que me digo.»" Já que é "nos desconcertos do mundo, que constitui um dos grandes temas do Escriba Acocorado, onde se combinam todos os sofrimentos da humanidade milenária, desde Homero a Sá de Miranda ou Camões, desde a Ilíada à Waste Land de Eliot, com as provações do tempo lusíada, Knopfli não deixa de comentar a ironia dos deuses:
«pergunto-me se o meu destino nisto se concertou:
descer a última vertente sob os plátanos do Mall,
restos de inverno mordendo o ar primaveril.»"
O que é quase a essência do escribalismo, se considerarmos que o exílio do espaço habitado e bem amado que refere, mais não é do que a revelação projectiva daquela outra expulsão interna à língua pátria, em que foi notoriamente coagido, impulsionado, para escolher entre poesia e prosa, mas ele, o autor, porque tentou (e conseguiu!) fazer uma à custa da outra, igualmente transferiu o seu desconcerto interior, o desencontro íntimo, para o mundo real e visão que dele formara: filosofia de vida, conceito de sociedade, percepção do cosmos e teoria originária da vida. Que enformam categoricamente num "centro trágico" preenchido por inúmeras "contradições, angústias, fraquezas e carências" passando ao lado da vida conforme foi apanágio da malta da dialéctica do blusão e das patilhas. Como aliás, ainda é!
Escriba bipátrido que professou a sociologia das esquinas sentado na borda do passeio com os rebeldes do tacão martelado no solo (geração de expatriados moçambicanos que reúne uma imensa plêiade de artistas e intelectuais de onde se destacaram nomes como o de Alberto de Lacerda, Helder Macedo, Virgílio de Lemos, Ruy Guerra, Fernando Gil, Pancho Miranda Guedes, Pepe Diniz, Bertina Lopes, Grabato Dias, Eugénio Lisboa, por exemplo), precisamente no vértice de confluência perpendicular entre o essencialismo de ser e o existencialismo de estar, que nunca se embrenhou empenhadamente e com exclusividade na claridade neótica de qualquer delas, nem sequer intervalarmente, mas antes se instalou naquilo que alguns apelidaram de lirismo lucidamente vigiado, o que verdadeiramente não sei que seja por demais que a alucinação se imiscua nas minhas imagética e teoria da crítica, embora tudo aponte para essa espécie de contrita proclamação de quem em atenta vigília cruza o périplo das noites de olhos perdidos na brancura manchada do papel, recriminando-se delas (brancura e mancha), qual detractor sistemático de si, progredindo com infalível pontaria na pista dos seus modelos (Manuel Bandeira, Drummond de Andrade, Manuel da Fonseca, Vladimir Maiacovsky, Miguel Torga, José Régio, Bertolt Brecht, Alexandre O'Neil, Augusto Gil, António Nobre, João de Deus, Vinícius de Moraes, T. S. Eliot, Robert Lowell, Herberto Helder, Camões, Jorge de Sena, André Vozenesensky, Gunter Eich, Kavafi, Dylan Thomas, Po-Chu-U ou Wilfred Owen), com a teimosa persistência de quem trabalha vigilante (e não esquecer que os vigilantes também podem ser os paisanos do moralismo, policiadores voluntários do bem-pensantismo e da ordem divina...) na oficina escura sem-mais-nada que as arestas vivas, da dureza do diamante, sempre com ar discreto mas minando os poderes instituídos que lhe retribuíram à letra, como se veio a confirmar no final da sua vida pela atitude dos Outros (país em que nascera como uma criança longe) a quem pertenciam as suas duas pátrias – Moçambique e Portugal – mas a que teve de renunciar para se abrigar no cortejo a Sua Majestade, em Inglaterra, como consequência do período pós colonial português (e ultramarino), que o passou a considerar reaccionário e racista, quando no pré-25 A foram lestos e lampeiros em classificá-lo de revolucionário.
Desenraizado de micaia na lapela postara-se na beira do passeio onde as palavras ainda estão chateadas e não têm ilusões. São árvores que não frutificam fantasias, dão flores de sangue e frutos abortivos de dor, no tempo que vai da sístole à diástole. Verdades falsas. Palavras imperfeitas de torna-viagem que se esgueiram e sobem à tona ou penetram doloridas nos espaços oxigenados, quase rostos em que se incendeia a escuridão que habita, essa insónia de velar a uma e outra artéria da escrita, ora a lógica prosaica dos factos, ora a distância indiscritível dos incógnitos anos futuros, caminhando diurnamente mas com os pesadelos nocturnos colados à consciência.
Autodenominando-se medíocre de esquina, o seu rio é de gente, não de água. É um rio ético, muito próximo do de Camões, do de Pessoa e do de Garbato, no qual ninguém se deve rir dos dentes do jacaré antes de o ter atravessado completamente, habitat de amedrontados bichos humanos que, pelo seu delito da palavra expiam nas trevas a sua própria substância, o anátema da inveja suscitada, pois não obstante o que parece, as aparências iludem de facto, o que transforma a transparência aparente do seu discurso na emanação dessa mesma obscuridade onde, vazados, seus olhares foi sempre para dentro que olharam, tentando ver a essência (... Para quê querer incendiar os astros se, dentro de nós, ainda não acendemos todas as luzes?) humana, aquela que faz de cada homem uma ilha cega na densa cerração.
Se tem tido a ousadia de saltar da esquina, descer o lancil e tomado uma das direcções, podia ter sido um bom poeta; podia até ter sido um bom romancista; assim, foi apenas um óptimo mestiço, cujo verbo de ocidental africano, embora o DNA da página branca tenha confundido os genes da noite escura, que adivinhou o futuro europeu, o impacientasse demorando o sábado que nunca mais era e hoje é. Porque hoje é sábado, dizem os poetas de ahora. Portanto, ouçamo-lo com Naturalidade:
«Chamais-me europeu? Pronto, calo-me.
Mas dentro de mim há savanas de aridez
e planuras sem fim
com longos rios langues e sinuosos,
uma fita de fumo vertical,
um negro e uma viola estalando.»
E a Europa é precisamente essa esquina que fica entre a imagem e a descrição, entre o novo e o antigo mundo, entre o gesto e alma, entre o oriente e o ocidente, entre a tecnologia e a natureza, entre o norte e o sul, entre o conhecimento e a tradição, entre a técnica e a matéria, entre a sílaba e o cifrão, entre o analógico e o alegórico, a que a humanidade convencionou chamar civilização homo sapiens, de onde os escribas da modernidade, acocorados ou não, sentados no chão à índio ou nas esplanadas dos cafés parisienses, pincelando a tela ou dedilhando o Windows do portátil sobre os joelhos, debitará a dúvida criativa entre prosa ou poesia, o cógito metódico entre estar e ser, entre ficção e verdade.
Poesia com poesia se paga
Estranha humanidade…
Recebeste algum aviso, ideia forte
Conselho, qualquer indicação útil
Do que deverias dizer ao vento norte
Quando aflorasse teus lábios cor de sul
Gretados nas secas e alterações climáticas?
Estiveste porventura lá naquele dia
Entre as urgências e os intensivos de Santa Maria
Quando os médicos te diagnosticaram poliomielite
E o teu disse «porra, está fodido o gaiato,
Para toda a vida, mesmo que se salve»?
Ouviste alguma vez os sinos repicarem longe, longe
Mas aproximando-se como comboio rápido aproximando-se
Aproximando-se até te estoirarem o bronze das células
Num dlam-dlam dlam-dlam ensurdecedor parando tudo
Sem voz gritada de “ai!!!...” para desligar o mundo?
Então, deixa-me ficar aqui acocorado longe da tua sabedoria
Da tua mesquinha insignificância de ser ninguém mas com canudo
Cego, insuficiente mesmo se quer ser algo de ver-se
Que não consegue cumprir os ditames que a si ditou
E tem dificuldade em confrontar-se com a igualdade prática
Que faz de muitos, aos milhões, a mesma pátria.
Volta-te prò espelho, palerma unzidor…
Que vês tu? De ti até os fantasmas fugiram,
Se esconderam da dor de ser sombra, arderam
Consumidos na vergonha da própria cor!
(Joaquim Castanho)
Ou seja: nesta perspectiva – e retomando as funcionalidades da bloguística que satisfaz completamente as necessidades do escriba, como o mais flexível e maneável dos papiros que a ciência, a indústria, a técnica e o progresso nos facilitaram –, aquilo que noutros tempos estava apenas acessível a alguns carolas ou eleitos, afortunados pelo ambiente literário onde nasceram ou suficientemente endinheirados para se deslocarem até eles,
9.01.2006
GOVERNO PORTUGUÊS DEMITE-SE DA GESTÃO DOS RIOS INTERNACIONAIS
Caso venham a confirmar-se as notícias veiculas hoje pelos órgãos de comunicação social, relativas aos cortes no caudal do Rio Guadiana pelo governo espanhol, o Partido Ecologista “Os Verdes” considera que este é mais um exemplo da falta de intervenção que o governo português tem tido no acompanhamento e controle dos acordos firmados no quadro dos convénio luso-espanhol para os rios internacionais.
“Os Verdes” constatam mais uma vez a atitude demissionária do governo face à gestão dos rios internacionais e exigem explicações, em sede parlamentar e fora dela, sobre que iniciativas foram já tomadas junto do governo espanhol, para exigir o cumprimento dos acordos firmados em relação aos rios internacionais e, em particular, neste caso concreto do Rio Guadiana.
“Os Verdes” consideram ainda que o acordo luso-espanhol é extremamente lesivo, não só para os interesses nacionais, como também para o equilíbrio ecológico dos nossos rios. Qualquer violação deste acordo agrava ainda mais uma situação que “Os Verdes” consideram ser, já na sua origem, danosa para a gestão dos ecossistemas fluviais.
Para “Os Verdes”, os sucessivos governos portugueses não têm tido uma atitude firme de defesa do interesse nacional, do ponto de vista da gestão dos rios internacionais, tanto numa perspectiva da água como sendo um elemento estratégico para o desenvolvimento, como ainda numa perspectiva ambiental e de desenvolvimento sustentável.
A confirmarem-se as notícias de hoje, o caso do Guadiana é ainda mais grave, visto que no último acordo, foi concedida a Espanha autorização para ir buscar água ao Alqueva (que é alimentada também pelo Rio Guadiana). Desta forma, conclui-se que o caudal do Rio Guadiana está ao inteiro serviço de Espanha e não do nosso país, situação que é de extrema gravidade especialmente numa região onde os recursos hídricos de superfície são escassos e onde a seca se faz sentir de forma acentuada.
O Gabinete de Imprensa
31 de Agosto de 2006
Caso venham a confirmar-se as notícias veiculas hoje pelos órgãos de comunicação social, relativas aos cortes no caudal do Rio Guadiana pelo governo espanhol, o Partido Ecologista “Os Verdes” considera que este é mais um exemplo da falta de intervenção que o governo português tem tido no acompanhamento e controle dos acordos firmados no quadro dos convénio luso-espanhol para os rios internacionais.
“Os Verdes” constatam mais uma vez a atitude demissionária do governo face à gestão dos rios internacionais e exigem explicações, em sede parlamentar e fora dela, sobre que iniciativas foram já tomadas junto do governo espanhol, para exigir o cumprimento dos acordos firmados em relação aos rios internacionais e, em particular, neste caso concreto do Rio Guadiana.
“Os Verdes” consideram ainda que o acordo luso-espanhol é extremamente lesivo, não só para os interesses nacionais, como também para o equilíbrio ecológico dos nossos rios. Qualquer violação deste acordo agrava ainda mais uma situação que “Os Verdes” consideram ser, já na sua origem, danosa para a gestão dos ecossistemas fluviais.
Para “Os Verdes”, os sucessivos governos portugueses não têm tido uma atitude firme de defesa do interesse nacional, do ponto de vista da gestão dos rios internacionais, tanto numa perspectiva da água como sendo um elemento estratégico para o desenvolvimento, como ainda numa perspectiva ambiental e de desenvolvimento sustentável.
A confirmarem-se as notícias de hoje, o caso do Guadiana é ainda mais grave, visto que no último acordo, foi concedida a Espanha autorização para ir buscar água ao Alqueva (que é alimentada também pelo Rio Guadiana). Desta forma, conclui-se que o caudal do Rio Guadiana está ao inteiro serviço de Espanha e não do nosso país, situação que é de extrema gravidade especialmente numa região onde os recursos hídricos de superfície são escassos e onde a seca se faz sentir de forma acentuada.
O Gabinete de Imprensa
31 de Agosto de 2006
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- Escribalistas é órgão de comunicação oficial de Joaquim Maria Castanho, mentor do escribalismo português